Evander superou frustração em seu início entre os profissionais do Vasco e deu a volta por cima
Não existe roteiro pronto no futebol. Evander talvez seja o melhor exemplo disso. Badalado como joia nas categorias de base, reagiu com lágrimas e frustração aos piores dias entre os profissionais do Vasco, quando sequer era relacionado para as partidas. Destaque na estreia na Libertadores, experimentou precocemente na pele o lado mais doloroso do futebol, distante do que estava acostumado a vivenciar.
O garoto de 19 anos cresceu cercado de jogadores - seu pai, Evandro Ferreira, foi profissional e depois virou empresário. Ele agencia a carreira de Vágner Love e Kennedy, entre outros atletas, e Evander conviveu durante muito tempo apenas com o lado mais doce da carreira que sonhava ter. Até ser colocado de lado na Colina.
- Ele era a joia da base e de repente estava esquecido - lembra o pai: - Ele chegava em casa chorando quase todo dia, com raiva, e eu e a mãe dele conversávamos com ele, explicávamos que isso faz parte do futebol. Foi um período complicado.
As dificuldades, na verdade, surgiram desde que chegou ao time profissional, em 2016. Então com 17 anos, viu sua técnica apurada e capacidade de finalização acima da média ser ofuscada pela intensidade do jogo entre os adultos. Fisicamente, ele ainda não estava pronto, não era forte dois anos atrás como Paulinho, ainda menor de idade, já é, por exemplo.
Desde então o garoto passa por um trabalho de ganho de massa muscular. Mais encorpado 2,5kg desde que chegou ao profissional, ainda assim seguiu com pouco espaço. A guinada ocorreu no fim do ano passado, com a vinda do técnico Zé Ricardo, depois que o garoto recuperou a vontade e passou a treinar por conta própria para correr atrás do prejuízo.
Os resultados do esforço ficaram claros quando o jogador deu conta do desafio de atuar como segundo volante, com obrigações defensivas que nunca teve na base.
- Esse passe que deu para trás fez ele crescer muito - ressaltou Evandro: - Sempre foi cobrado por correr mais, participar mais, e ele foi bem como volante.
Destino cruzado com o Vasco
Evander chegou ao Vasco para treinar futsal aos 8 anos. Há quase 12 sabe o que significa o clube, já foi elogiado, já teve o nome vaiado em São Januário, e agora volta a estar na crista da onda. Tudo isso faz com que o garoto acumule milhas, assimile bem a responsabilidade de ser o camisa 10 do Cruz-Maltino na competição mais importante da temporada.
- A pressão em um clube grande como o Vasco é terrível, desde o futsal que ele joga clássicos, é criado para ganhar, para vencer - lembra Evandro: - Isso tudo deixa o garoto cascudo, além disso, ele sempre conviveu com jogadores lá em casa, esse contato passa experiência.
De certa forma, parece que sempre esteve atrelado ao Vasco. Ele coleciona coincidências com o período mais vitorioso da história do clube. É como se fosse obra do destino estar onde está. Nasceu quando a equipe estava perto de conquistar o continente e alcança seu maior brilho justamente no retorno do Cruz-maltino à competição internacional.
O maior desafio agora é manter os pés no chão. Evander virou titular, é o novo dono da camisa 10, e parece finalmente ter chegado ao patamar que todos esperavam quando era multicampeão na base, incluindo o título do sul-americano sub-17 com a seleção brasileira.
Porém, a diretoria promete ir ao mercado para contratar um reforço mais cascudo para substituir Nenê. Para o pai do garoto, quem vier terá de cortar um dobrado.
- Ele sonha com isso desde muito novo. É claro que a gente entende o papel do clube, é sempre bom reforçar o elenco. Mas pode ter certeza de que não será fácil tomar essa vaga do meu filho - afirmou o pai coruja.
Fonte: Extra Online