Em 2003, um jovem e rebelde Jorge Valdivia chegava a Concepción. Ele havia sido emprestado por um ano pelo Colo-Colo à pequena Universidad de Concepción, que disputaria pela primeira vez a elite do Campeonato Chileno.

Pois foi com a pequena UdeC que Valdivia ganhou o apelido de Mago: comeu a bola numa temporada marcante, que levou o time à Libertadores de 2004. De lá, voltaria para o Colo-Colo e deslancharia na carreira.

Valdivia é um bom exemplo de como a UdeC, que volta à Libertadores em 2018 e enfrenta o Vasco nesta quarta-feira, conseguiu se estabelecer no futebol chileno. Sem grande investimento, mas com austeridade, o clube dá passos firmes para incomodar os grandes do país.

- Valdivia chegou quando tinha 19 anos. Não tinha chance lá, era muito jovem, com muita vontade de jogar. E quando chegou teve um desempenho especial. Era jovem, desordenado em seu futebol. Mas jogou e nunca mais largou a camisa. Mostrou toda a habilidade que tinha e é um dos pilares que sempre recordamos – contou Mauricio Brevé, gerente geral do clube.

Relação verdadeira com a universidade

Ao contrário das Universidads de Santiago – de Chile e Católica, que apenas licenciam a marca -, a Universidad de Concepción tem estreita ligação com a universidade local. Cinco diretores acadêmicos fazem parte do conselho que gere o clube de futebol.

O investimento, porém, é pequeno. Brevé evita dar números exatos, mas afirma que, hoje, o orçamento da UdeC é mediano entre os times do Chile. A receita para montar equipes competitivas é ter bom olho no mercado.

- Há muito trabalho e estrutura. Temos um orçamento mediano, e tentamos sempre fortalecer a equipe com jogadores que querem realmente estar no clube e algum outro que esteja disponível em clubes grandes. Uma mescla de jogadores de pouca rodagem e outros com experiência no futebol chileno – explicou Brevé.

Reforços badalados

Para a disputa da Libertadores, a UdeC deu um salto qualitativo. Trouxe seis reforços, quatro deles com passagens pela seleção chilena. A maioria veio por empréstimo, sem que o clube pagasse por eles – a exceção é o volante Albarzua, uma aposta de baixo custo.

O zagueiro Martínez e o meia Morales são os mais famosos e já atuaram em grandes clubes de Santiago. Ambos bateram na tecla de que foram atraídos pelo projeto ambicioso da Universidad de Concepción.

- É um lindo desafio. Uma grande oportunidade de poder jogar a Libertadores novamente. Tive ofertas do Peru, mas não me chamaram atenção. A UdeC foi a mais tentadora, pelo nível dos jogadores e da comissão técnica – disse Martínez, durante sua apresentação.

Outro reforço é um velho conhecido. O volante Figueroa também estava na campanha de 2003, assim como Beausejour, lateral da seleção chilena na atualidade. Após se destacar, o veterano passou por Colo-Colo e defendeu o Palmeiras entre 2009 e 2010.

- Estou feliz por voltar para casa. É uma situação distinta naquele ano. Tudo melhorou. Mencionar tudo poderia ser pequeno. O futebol melhorou, a instituição também competiu a bom nível.

Ascensão meteórica e rival desaparecido

O curioso é que o time de futebol da Universidad de Concepción nasceu sem maiores pretensões. Ele foi criado por funcionários. Mas, ao ganhar a terceira divisão do Chile, foi obrigado pela federação a se tornar profissional. Foi um caminho sem volta.

- Não era o objetivo o clube se profissionalizar. Depois disso, evoluímos. Não éramos nada e em quatro anos chegamos à primeira divisão – contou Brevé.

A ascensão da UdeC coincide com a decadência do Deportes Concepción, o antigo clube grande da cidade. Fundado em 1966, é até hoje o mais popular, embora tenha sido desfiliado pela federação em 2016, por problemas econômicos. Outro time significativo é o Naval.

É nesta brecha que a Universidad quer entrar para garantir, sempre de forma sustentada, seu crescimento.

- Estamos encantando as novas gerações, que não tem nem 20 anos de vida. São todos torcedores jovens. Vamos pouco a pouco, porque em Concepción somos o terceiro clube e estamos crescendo graças à estrutura que estamos armando.

A ficha técnica da Universidad de Concepción:

Nome completo: Club Deportivo Universidad de Concepción
Fundação: 8 de agosto de 1994
Apelidos: Penquista, Campanil, UdeC, Auricielos
Presidente: Mario Rodriguez
Técnico: Francisco Bozán
Estádio: Municipal de Concepción (capacidade para 30.448 pessoas)
Títulos: Copa Chile (2009 e 2015), Segunda Divisão do Chile (2013).



Fonte: GloboEsporte.com