Confira entrevista com os arquitetos que criaram o projeto Novo Complexo São Januário
Domingo, 28/01/2018 - 08:41
Fanatismo: Zelo religioso obsessivo que pode levar a extremos, adesão cega a um sistema ou doutrina; dedicação excessiva a alguém ou algo; paixão.

Até onde o amor por um time pode levar as pessoas, no caso desses três jovens, a construir algo enorme, ou neste caso, reformar?

Um de nossos maiores tesouros é justamente o nosso estádio, que enaltecemos nos seus 90 anos de existência com o canto "venci, fiz São Januário", mas que por ter toda essa idade ficou para trás no quesito modernidade.

Observando isso e de olho na atual situação financeira do clube, esses três jovens arquitetos fizeram um plano de reforma para nosso "caldeirão". Uma iniciativa muito elogiada pelos vascaínos que conheceram o projeto de modernização cujo o nome é: Novo Complexo São Januário.

Nós do SuperVasco realizamos uma entrevista falando sobre a vida, como se conheceram e o projeto dos três arquitetos, confira!

Primeiro pedimos para que eles fizessem uma apresentação inicial:

Felipe Campos Nicolau, arquiteto e urbanista. Nascido em Niterói-RJ, 24 anos.

Sou de uma família de vascaínos fanáticos e passei toda a minha infância em São Januário. Meu Pai e meu avô são sócios remidos do clube então ir aos jogos sempre fez parte da minha vida. Estive presente em diversos jogos marcantes do clube como a final do Campeonato Brasileiro contra o São Caetano em 2000 que foi o maior público que já presenciei em São Januário. Nessa época costumávamos sempre a ir de Social. A partir de 2005 que começamos a assistir os jogos nas arquibancadas de São Januário.

Até hoje a grande maioria dos jogos eu vou de arquibancada. Particularmente não gosto de assistir ao jogo sentado e na arquibancada (diferentemente da social), posso ficar em pé os 90 minutos.

Clarissa Pereira de Souza, arquiteta, urbanista e designer. Nascida em Volta Redonda-RJ, 25 anos. Minha família toda é Vascaína e como sou do interior do estado, acompanhava o Vasco pela televisão e quando jogava no estádio Raulino de Oliveira (Volta Redonda), onde era a oportunidade de assistir de perto o Vasco. Em 2011 me mudei para Niterói-RJ e desde então passei a ir a São Januário com bem mais frequência.

William Dias da Silva Freixo, arquiteto, urbanista e Designer. Nascido em São Gonçalo, 25 anos. Minha família por grande maioria é vascaína, mas o maior influenciador por essa paixão na minha vida foi meu pai, que sempre que podia ia aos jogos do Vasco e levava eu e meu irmão. Inclusive, meu pai escolheu meu nome por conta do "William" meio-campo do Vasco no início da década de 90.Minha família nem sempre teve condições de ir em jogos do Vasco quando era adolescente, mas sempre que marcávamos era uma forma de "reunião" dos vascaínos da família. Hoje, com a vida agitada, fazemos nossas idas a São Januário ou Maracanã uma prioridade de passarmos.

SuperVasco: E como vocês se conheceram e iniciaram o projeto?

Eu (Felipe), Clarissa e o William já nos conhecíamos, porém não sabíamos que todos eram Vascaínos. A descoberta foi num jogo Vasco x Botafogo no Maracanã onde eu e Clarissa encontramos com o William no corredor do estádio. Ali podemos dizer que foi o início da amizade.

A ideia do projeto foi surgir só depois exatamente a dois anos atrás quando discutíamos a necessidade de projetos de estádios com menor custo e funcionais no cenário esportivo nacional. Como o Vasco tem esse objetivo de reformar o estádio a décadas, começamos a analisar como seria possível desenvolver um projeto barato, funcional e imponente para o nosso clube. Ao longo desses 2 anos foram estudados 134 plantas de estádios do mundo inteiro, toda a legislação local, todas as normas do corpo de bombeiros, CBF, FIFA até conseguirmos enfim elaborar o projeto do "Novo Complexo de São Januário". Um projeto viável financeiramente tanto em sua construção como manutenção.

SuperVasco: Qual foi a maior dificuldade que vocês tiveram com o projetos?

Resposta:

A maior dificuldade era conseguir elaborar um projeto imponente de baixo custo e que preservasse as tradições do clube como a social, fachada histórica e a capela por exemplo. Levantar e estudar uma centena de estádios do mundo todo analisando as técnicas construtivas e financeiras dos mesmos, demandam tempo e uma busca muito grande por materiais técnicos.

Nesse tempo também tivemos que analisar todas as leis municipais, estatuto do clube, normas do corpo de bombeiros, Cbf, Fifa, Conmebol, etc...

Após tudo isso é que iniciamos a criação do Novo Complexo de São Januário com todas as devidas plantas baixas, cortes, fachada, etc...

O projeto está pronto e estamos à disposição da diretoria do clube.

SuperVasco: Tiveram alguma resistência da torcida?

Resposta:

Houve uma aceitação gigantesca ao nosso projeto. Isso nos deixou extremamente feliz a forma que a torcida abraçou o projeto.

Recebemos muitas mensagens diariamente de torcedores querendo contribuir financeiramente com o projeto e isso mostra que o torcedor confia bastante no projeto.

Acreditamos que essa enorme aceitação ocorre pois buscamos modernizar o estádio mas sem perder o seu caráter popular e tradicional.

O projeto é democrático e contempla o torcedor que quer ficar em pé no cimento e também o que quer sentar em seu assento com conforto.

Sem contar a nossa preocupação em evitar a elitização do estádio, desenvolvendo um projeto de baixo custo de manutenção. Dessa forma não há porque colocar valores elevados no ingresso. O Vasco é o clube do povo, zona norte, barreira do Vasco. Nunca faríamos um projeto contra os ideais do clube.

Uma coisa que consideramos extremamente importante no projeto é o tratamento dado aos PCDs (Pessoas com deficiência). O Vasco sempre foi um clube inclusivo e não podemos fazer como em muitos estádios onde o local destinado a eles fica "separado" dos demais torcedores muitas vezes até pegando sol e chuva. Queremos que eles façam parte da muralha Vascaína. Por isso criamos um posicionamento bem especial inseridos na torcida Vascaína.

SuperVasco: Como ficará a capacidade do estádio caso ocorra a reforma?

Resposta:

A capacidade do estádio será de 41.300 torcedores. É um projeto que visa a independência esportiva e financeira do clube.

Uma coisa é o clube jogar no Maracanã por sua escolha em jogos que tenham uma grande demanda.

Outra coisa é o clube ser obrigado a jogar fora de São Januário por não ter o limite mínimo de 40 mil torcedores da Conmebol para finais continentais por exemplo.

Sem contar que não sabemos o futuro do Maracanã. Se por acaso algum rival nosso assumir o comando, teríamos que pedir para usar o estádio. O que seria péssimo.

Essa capacidade foi pensada também já pensando no futuro com um aumento no número de sócios. O estádio tem que ser um ativo importante na captação de novos sócios.

Alem disso foram estudados diversos outros pontos para chegarmos a esse número que consideramos ideal de torcedores para o Novo Complexo de São Januário.

SuperVasco: Qual o maior medo de vocês antes de iniciar o projeto?

Resposta:

Não houve medo. Nós conhecemos cada pedaço de São Januário.

Nossa preocupação bem no início era de não conseguir elaborar um projeto exequível.

Não adiantaria projetar algo belíssimo se não fosse viável.

Por isso que tivemos todo esse cuidado de analisar cada detalhe do projeto para que assim pudéssemos desenvolver um projeto funcional, barato e imponente como o nosso clube merece.

É um projeto que pensa no Vasco para os próximos 100 anos.

Lembrando que o projeto não é apenas do estádio e sim de todo o complexo esportivo.

SuperVasco: Vocês tem ligação com algum grupo Político?

Resposta:

Como falamos anteriormente, nosso projeto é totalmente independente. Sem qualquer ligação com grupo político.

O projeto é feito para o Vasco independente de quem seja o presidente do clube.

Estamos nos colocando à disposição do clube com um projeto grandioso, funcional e viável porque acreditamos em um Vasco forte e ainda mais gigante no futuro.

SuperVasco: Qual maior ídolo de vocês no Vasco?

Felipe Nicolau -

Meu maior ídolo é o Edmundo por sempre demonstrar seu amor pelo clube tanto no gramado como fora dele.

Clarissa Pereira -

Romário é o meu maior ídolo, pois cresci vendo seus gols e títulos com a camisa do Vasco.

Aquela Virada histórica pela Mercosul em 2000 foi inesquecível.

William Dias -

Como jogador de futebol meu maior ídolo é o Juninho Pernambucano por ter acompanhado por mais tempo sua carreira futebolística, pelos gols marcantes e títulos conquistados pelo Vasco.

SuperVasco: Como vocês acham que vai ser a melhor forma de se aproximar da instituição Club de Regatas Vasco da Gama para demonstrar o projeto de vocês?

Resposta: Nós buscaremos o contato com o clube e também estamos à disposição caso o clube manifeste interesse em conversar sobre o projeto.

Esperamos que o clube seja receptivo e tenha interesse de conhecer a fundo esse projeto importante para o clube.

Queremos é contribuir positivamente com o nosso clube e estamos à disposição tanto para o estádio, ct ou qualquer outra intervenção construtiva no clube. Estamos aqui para somar forças e fazer o Vasco ainda mais gigante.

SuperVasco: Já tentou ou tem alguma reunião com Alexandre Campello?

Resposta:

Durante o período eleitoral tivemos uma reunião com um grupo da chapa dele chamado Cruzada. Fizemos uma apresentação básica do projeto mostrando o conceito dele, etapas construtivas e objetivos.

Mas o projeto detalhado com plantas baixas, cortes, fachadas, e todos os dados técnicos de plano de viabilidade, legislação e outros dados seria preciso outra reunião.

O único grupo que chegamos a apresentar o projeto completo foi o do Fernando Horta. Onde tivemos três reuniões com os engenheiros do grupo.

Mas é bom salientar que o projeto foi avaliado e elogiado pelo grupo Cruzada que apoiava o Campello e fomos convidados a participar de reuniões da chapa. Porém, não poderíamos fazer isso pois estaríamos nos envolvendo politicamente e isso iria contra o que pregávamos do projeto ser apolítico.

Tivemos essa atitude com todos os grupos que conversamos.

SuperVasco: Querem deixar uma mensagem para a torcida Vascaína?

Resposta:

Nossa mensagem primeiramente é um agradecimento total por esse enorme apoio que temos recebido.

O torcedor tem divulgado bastante o projeto e isso é positivo, pois o Vasco tem milhões de torcedores espalhados pelo Brasil.

Acreditamos que o torcedor é o maior patrimônio de um clube, então esperamos que o projeto venha a ser executado e que possamos dar a alegria a essas dezenas de milhares de torcedores que apoiam o projeto.

Acompanhem as nossas redes sociais e continuem divulgando o projeto e demonstrando o seu apoio. Temos certeza que juntos o Vasco pode muito mais!



Fonte: Supervasco