Confira bastidores da eleição do Vasco e da disputa entre Brant e Campello
Sábado, 20/01/2018 - 10:13
Sexta-feira, 12 de janeiro de 2018. Julio Brant convoca entrevista coletiva na Barra da Tijuca um dia após boatos de que São Januário havia sido saqueado. Ele critica Eurico Miranda e diz ser o presidente do Vasco. Naquele momento, sem saber, dá um passo decisivo rumo à derrota que amargaria uma semana depois – abrindo espaço para a vitória de Alexandre Campello.

Contar o triunfo de Campello passa muito por entender a derrota de Brant. Porque a brecha aproveitada pelo novo presidente cruz-maltino se abriu, basicamente, por erros cometidos pelo antigo aliado. Entenda:

Afronta aos velhinhos

A entrevista de Brant caiu muito mal na ala mais conservadora – e numerosa – do Vasco, a dos conselheiros natos. Os "velhinhos" se sentiram afrontados pela postura de Brant, que se anunciou presidente do Vasco antes da reunião do Conselho Deliberativo.

- Acho que ele (Brant) pecou em não valorizar a instituição, as pessoas, os beneméritos. Houve uma quebra com os parceiros, aqueles que o apoiaram, fora outras áreas de atrito que criou nesse período - disse Campello, após a vitória.

Os ataques na imprensa a Eurico Miranda colaboraram para que o grupo do ex-mandatário se mobilizasse. Na quinta-feira, Eurico ligou pessoalmente para todos os conselheiros natos com quem tem relação. O pedido era simples: presença na reunião do Conselho Deliberativo.

- Tem que ir lá e votar. É contra o Julio – dizia Eurico.

Isolamento político

Foi assim que Campello entrou em cena. A união com Brant nunca foi 100%. Na época do anúncio, poucos dias antes da eleição de novembro, o sentimento era claro: precisava-se de uma junção para derrotar Eurico, mas as divergências entre os grupos eram grandes.

Após a vitória dos então aliados, o relacionamento se deteriorou. Brant e seus companheiros de gestão começaram a planejar a nova diretoria sem a participação ativa de Campello, que chegou a ser dado como vice-presidente de futebol, mas sem poderes aparentes.

- Eles não conhecem nada do clube. Esqueceram o que é Vasco da Gama. É o time da virada. Só lembrar da Mercosul... - disse um personagem influente nos bastidores do clube.

Roberto Monteiro, o articulador

Os primeiros movimentos aconteceram em dezembro. Membros do grupo "Identidade Vasco", principal apoio a Campello, procuraram integrantes do Casaca, base de sustentação de Eurico, na reunião que votou o orçamento, no fim do mês.

Na primeira semana de janeiro, foi a vez de Roberto Monteiro, líder do "Identidade Vasco", se reunir com o Casaca.

Antes desta aproximação, a ideia do grupo de Eurico era votar em branco para presidente. As conversas evoluíram e, desagradados com a postura de Brant, o objetivo virou claro: evitar a posse do candidato da "Frente Vasco Livre". O empresário Carlos Leite, aliado de Eurico e desafeto de Brant, ajudou na articulação.

Na negociação, Eurico e seus aliados não quiseram cargos. Virou questão pessoal: a meta era tirar Brant. Restava saber se Campello teria a coragem de romper com o então aliado e se candidatar.

A resposta veio na quinta-feira, com o anúncio oficial de Campello, dizendo que não seria vice-presidente de Brant. Em sua explicação, ele afirmou que se sentiu traído pelo antigo aliado. De resto, o silêncio de Campello só foi quebrado por duas manifestações nas redes sociais:





A transição

Por conta do apoio de última hora, a tendência é que a transição entre a gestão de Eurico e a de Campello seja realizada de forma tranquila. As dúvidas, agora, pairam sobre os vice-presidentes que serão nomeados. Especialmente no futebol, agora sem diretor executivo, com a estreia na pré-Libertadores marcada para o dia 31 de janeiro.

- Participação do Eurico será nenhuma. Nossa chapa é pura. Não existe acordo. Não tem membro do Eurico nas nossas chapas, nem na vice-presidência nem nos cargos executivos - afirmou Campello.



Fonte: GloboEsporte.com