Em entrevista, Breno avalia temporada e fala sobre renovação, Libertadores e Zé Ricardo
As trajetórias de Breno e Vasco se confundiram em 2017. Desacreditados no início, ambos terminaram a temporada em alta e com grandes expectativas para o ano que vem, quando a equipe disputará a Copa Libertadores. No entanto, para participar do principal torneio continental, o zagueiro emprestado pelo São Paulo precisa acertar a sua renovação com o clube carioca, algo que, segundo ele, está perto de acontecer.
"A princípio, está tudo correndo bem para que eu fique no clube. A conversa está caminhando para um lado positivo. Só restam alguns detalhes para fechar", aponta Breno, em entrevista telefônica à Gazeta Esportiva.
No São Paulo, sob o comando de Rogério Ceni, o defensor de 28 anos sofreu com lesões e foi acionado apenas seis vezes. Já no Vasco atuou em 25 partidas e deu segurança ao sistema defensivo organizado por Zé Ricardo, a quem Breno atribui a campanha do sétimo colocado no Campeonato Brasileiro. "Ele tem muitos méritos nessa recuperação da equipe", atesta.
Curtindo as férias com a família nos Estados Unidos, Breno aproveita para sonhar com um futuro que era inimaginável há cinco anos, quando foi preso acusado de ter incendiado a própria casa na Alemanha, onde atuou pelo Bayern de Munique. "Qual jogador não sonha com a Seleção Brasileira?", indaga o atleta, que também vislumbra voltar a vestir a camisa de um clube europeu.
Na entrevista abaixo, Breno ainda fala sobre a decisão de pedir para sair do São Paulo, o acerto de Rogério Ceni com o Fortaleza, a surpreendente classificação vascaína à Libertadores da América, além de projetar o ano de 2018 para o Cruz-Maltino.
Gazeta Esportiva – Como você avalia o seu ano de 2017?
Breno – Por tudo o que eu passei, fui brindado com um ano muito bom. No começo, não tive oportunidades e fiquei perto de ir para o Atlético-GO. Em questão de horas, o Vasco apareceu e optei por ir para lá. Cheguei e o torcedor estava meio desacreditado, muitas pessoas falavam que eu estava lesionado e que não tinha mais jeito, mas consegui dar a volta por cima, procurei trabalhar e jogar, e provei que aquela impressão estava errada. No fim do ano passei por uma artroscopia no joelho e hoje, graças a Deus, estou sem lesões e sem dor nenhuma.
Gazeta Esportiva – Foi uma decisão acertada então
Breno – Coloquei tudo nas mãos de Deus e deixei que agisse num momento muito difícil: estava sem jogar e não podia permanecer no banco – na verdade, nem para o banco eu estava indo nos jogos. Na época, estava sem empresário, não aparecia nada para mim, o próprio São Paulo estava procurando algum clube, mas ninguém me queria.
Aí apareceu o Atlético-GO, sentei com a minha esposa, conversamos e acertamos ir para lá – até o Rogério Ceni falou que seria legal eu ir para o Atlético-GO e ganhar ritmo de jogo. Começou o Brasileiro e o Vasco perdeu de 4 a 0 para o Palmeiras na estreia. Assim que acabou o jogo, o Carlos Leite (empresário) me ligou e disse que o Vasco estava interessado em mim. Eu aceitei, porque para mim era uma nova história e estava precisando disso. Foi uma grande decisão na minha vida, Deus abriu essa porta e eu fui premiado. Tive uma sequência legal e conseguimos colocar o Vasco no lugar que ele merece.
Gazeta Esportiva – Você tem contrato com o São Paulo só até o dia 31 de dezembro. Como estão as negociações com a diretoria do Vasco?
Breno – Estou conversando com o Vasco. A princípio, está tudo correndo para que eu fique no clube. Ainda não finalizei a negociação, estamos discutindo ainda, restam alguns detalhes para fechar. A conversa está muito boa, caminhando para um lado positivo. Tem tudo para concretizar legal com o Vasco.
Gazeta Esportiva – Antes de o Campeonato Brasileiro começar, muitos falavam que o Vasco iria brigar na parte de baixo na tabela. Você se surpreendeu com a campanha que terminou com vaga na Libertadores?
Breno – Até os torcedores achavam que o Vasco iria brigar para não cair. Claro que, por tudo o que o Vasco passou nos últimos anos, o objetivo era manter o time na primeira divisão. Mas sempre coloquei o foco na cabeça e acreditei que a gente ia conseguir coisas boas. Claro que a gente não pensava em Libertadores, talvez na Sul-Americana, mas nosso elenco trabalhou muito forte e conseguimos essa vaga na Libertadores.
Gazeta Esportiva – Quais são os méritos do Zé Ricardo nessa arrancada do Vasco? O que ele fez de diferente que o time melhorou tanto principalmente no segundo turno?
Breno – Gosto de sempre colocar o nome do Zé Ricardo nas entrevistas porque ele tem muitos méritos nessa equipe. Quando ele chegou, tínhamos uma das defesas mais vazadas do Campeonato Brasileiro. Então ele começou a trabalhar a parte defensiva antes da ofensiva e terminamos com uma das defesas menos vazadas. Ele é muito competente e tem muitos méritos nessa campanha do Vasco.
Gazeta Esportiva – Como você viu a briga do São Paulo contra o rebaixamento? Você assistiu aos jogos ou ficou acompanhando mais distante?
Breno – Tem muitos jogadores profissionais que não gostam de ver futebol nas folgas. Eu sou diferente. Se deixar, assisto aos jogos durante o final de semana inteiro. Sabia que era só uma fase, é muito difícil um clube como o São Paulo cair. Não é impossível, mas tinha a sensação de que o São Paulo iria permanecer na primeira divisão pelo trabalho que vinha sendo feito. É ruim para o futebol que um clube como o São Paulo caia para a segunda divisão.
Gazeta Esportiva – Você carrega alguma mágoa do Rogério Ceni por não ter sido aproveitado como imaginava neste ano?
Breno – De maneira alguma. Não deixei de trabalhar em nenhum momento e mostrei meu profissionalismo no dia a dia. Futebol é oportunidade: não tive chances no São Paulo e achei melhor procurar outros ares para mim. E Deus me abriu uma porta para o Vasco. Tenho de agradecer ao São Paulo por ter aberto as portas novamente, sou muito grato ao clube. Não levo nenhuma mágoa nem do São Paulo nem do Rogério.
Gazeta Esportiva – Como você vê a ida do Rogério Ceni para o Fortaleza?
Breno – Vai ser muito bom para ele ir para o Fortaleza, um time grande, mas que não tem a expressão do São Paulo. O Fortaleza vem crescendo nos últimos anos e ele vai poder mostrar o trabalho dele lá, vai ser bom para continuar aprendendo.
Gazeta Esportiva – Você acompanhou a final do Flamengo na Copa Sul-Americana? Chegou a torcer para o rival ganhar e o Vasco entrar na fase de grupos da Libertadores?
Breno – Na verdade, não acompanhei a final porque estou de férias nos Estados Unidos, então só vi pela internet mesmo. Vi que não conseguiram o título. Claro que seria bom começar a Libertadores na fase de grupos, mas só de o Vasco ter conseguido a classificação está de bom tamanho. Vai ser muito bom disputar a Libertadores.
Gazeta Esportiva – Na sua avaliação, o Vasco precisa de muitos reforços para brigar por títulos em 2018?
Breno – No meu ver, é sempre bom contratar alguns reforços. Aqueles que vierem para melhorar o time serão sempre bem-vindos. Para começar a Libertadores, é importante ter um elenco grande e de qualidade.
Gazeta Esportiva – Quais são seus sonhos como jogador de futebol?
Breno – Meu sonho, não vou mentir, é voltar para a Europa. Ainda mais hoje que estou mais experiente, mais maduro. Por tudo o que vivi na Europa, consigo viver e me adaptar em qualquer lugar.
Gazeta Esportiva – Como você se vê como pessoa cinco anos depois de deixar a cadeia na Alemanha?
Breno – Hoje não bebo mais, sou uma pessoa muito ligada a Deus e estou recuperado. O futebol te dá um aprendizado todo dia e estou procurando melhorar cada dia mais. Espero que 2018 seja um ano de muitas vitórias. Qual jogador não sonha com a Seleção Brasileira?
Gazeta Esportiva – Você ainda tem esperanças de defender o Brasil na Copa do Mundo?
Breno – É passo a passo, tenho de ajudar o clube para depois pensar na Seleção. A esperança é a última que morre, vou trabalhar para isso.
Fonte: Gazeta Esportiva