Caixão do coronel do 3º BPM foi coberto com a bandeira do Vasco seu time de coração
O corpo do comandante do 3º BPM (Méier), Luiz Gustavo Lima Teixeira, foi sepultado na tarde desta sexta-feira, no Cemitério Jardim Sulacap, na Zona Oeste do Rio. Emocionados, familiares do coronel não quiseram falar com a imprensa. Alguns deles, como a filha mais velha e a esposa do comandante, foram vestidos com a camisa do Vasco, time de coração do oficial. O coronel foi morto em uma tentativa de assalto no Méier, na Zona Norte do Rio, na manhã desta quinta-feira. O carro onde ele estava foi alvejado 17 vezes.
Emocionado, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Wolney Dias, não quis responder perguntas sobre o crime. Segundo ele, a PM está de luto.
O ex-comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte, lamentou o ocorrido e disse que a morte dele tem "um simbolismo".
— É uma morte tão grave, importante e dolorosa quanto a morte de um soldado recruta. Não existe morte mais importante. Policiais morreram em confronto e essa é uma dor enorme. Mas a morte de um comandante de uma unidade tem simbolismo. Se um comandante está sendo morto, o que será de nós? A violência está crescendo em todo país. Mas, no Rio, precisamos adotar outras estratégias. O programa de metas e UPPs precisam ser renovado. A UPP não faliu. Ela se exauriu. Precisamos de novas estratégias. Porque o crime avançou e descobriu novas medidas. Precisamos encontrar algo diferente — questionou.
O também ex-comandante-geral da PM, Ubiratan Ângelo, comentou o caso e afirmou que a morte do coronel está sendo tratada como uma tentativa de assalto e não um atentado.
— Realemente um assalto. Por causa da posição do carro, posição dos tiros, a possibilidade do cabo se desvencilhar usando sua arma. Possivelmente estava mais atento do que o coronel. Afinal, ele estava dirigindo. A fala do cabo vai ser muito importante para desvendar, para fechar essa conclusão. Mas, a priori, é uma condição de assalto — disse.
Assim como Mário Sérgio, o coronel Ubiratan ainda criticou a falta de policiais e a estrutra da Segurança Pública do Rio.
— Agora, aonde isso tudo aconteceu? Na área do 3º BPM, que tem trezentos e poucos homens. Nós temos que repensar a política de segurança. Repensar, inclusive, as estruturas de segurança pública no seguinte sentido: A partir do momento que se jogou para as UPPs e que elas cresceram, desordenadamente, irresponsavelmente, aumentando o seu número, se criou uma escassez na malha urbana. Os comandantes são mais que comandantes, são mágicos da matemática. Porque eles têm que multiplicar o que eles não têm. E você tem, na estrutura da Segurança Pública, um efetivo maior do que no batalhão. Ora, a gente tem que repensar. Minha fala não é contra o secretário, mas contra o sistema — explicou.
O Governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, não compareceram ao enterro.
Coronel morreu no dia do aniversário da mãe
O coronel Luiz Gustavo Teixeira morreu no dia do aniversário de 75 anos de sua mãe. Conhecido por ser um homem agregador e prestativo, ele foi o 111º policial militar morto neste ano no Rio, sendo o primeiro coronel e comandante de batalhão. Cerca de três horas depois da morte dele, um outro policial militar foi morto durante uma tentativa de assalto em um shopping em Guadalupe, na Zona Norte do Rio.
Segundo o diretor da Divisão de Homicídios da Capital, Rivaldo Barbosa, responsável pela investigação, o suspeito da morte do coronel já foi identificado. Matheus do Espírito Santo Severiano, 22 anos, foi reconhecido pelo motorista do comandante, o cabo Nei Filho. Segundo Rivaldo Barbosa, o policial disse que feriu Matheus durante a troca de tiros. A polícia já conseguiu, na manhã desta sexta-feira, o mandado de prisão temporária do suspeito.
A Polícia Militar realiza uma megaoperação no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio, em busca dos suspeitos da morte do coronel. Cerca de 300 policiais militares de diversos batalhões foram mobilizados na ação.
Fonte: Extra Online