A controversa urna 7 da eleição do Vasco rende dúvidas para a Justiça, mas uma certeza absoluta para os adversários: a maioria esmagadora de votos para o presidente Eurico Miranda foi fruto de ajustes feitos para que sócios sem condições de voto ajudassem na reeleição do mandatário.
Na lista que está em posse do Poder Judiciário, a relação dos 691 eleitores [apenas 474 votaram] revela que o presidente contou com o apoio de colaboradores do clube e até de uma parente muito próxima.
Preparador de goleiros do Vasco, Fabio Tepedino foi um dos que estavam entre estes nomes. Admitido no dia 11 de dezembro de 2015, o profissional consta entre os associados contestados pela oposição. Uma outra pessoa com o mesmo sobrenome e endereço de Tepedino também faz parte dos eleitores da urna 7.
Um outro colaborador próximo a Alvaro Miranda, filho do presidente vascaíno, também consta da lista. Trata-se de Carlos Herdy, coordenador científico das categorias de base do Vasco e associado do Cruz-maltino a partir de 6 de novembro de 2015.
Aparecida Conceição Cazote também demonstrou sua fidelidade ao presidente. Funcionária do Vasco, tornou-se sócia em 22 de novembro de 2015. Mais dois parentes seus com o mesmo endereço também engrossaram o quadro social vascaíno neste mesmo período. Os três fazem parte da leva de novos sócios que efetuaram o processo em um domingo, dia em que a secretaria de São Januário está fechada.
Por fim, um apoio de casa. Irmã de Sylvia Brandão, esposa de Eurico, Ivete Maria Brandão Miranda também deu seu apoio ao cunhado. Na lista destes sócios, o telefone de Ivete nem consta no cadastro, mas sua associação foi concluída no dia 15 de dezembro.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o Vasco afirmou que os fatos estão dentro da normalidade e informou que "naquela urna estavam pessoas que se associaram e outras que já tinham pedidos de transferências e que estavam represados esperando o Vasco reassumir o controle de seu cadastro, o que aconteceu em novembro de 2015". Sobre os eleitores, o Vasco acrescentou que "cunhada do presidente se associou naqueles meses finais, o que não é nenhum problema, e alguns funcionários podem ter se associado, o que também não é nenhum problema". O clube afirmou ainda que outros parentes do presidente votaram nas outras urnas, e outros funcionários, que são sécios, votaram em outras urnas. O Cruz-maltino garante que a situação é regular e que o Vasco tem como comprovar o pagamento.
Entenda o caso
Houve uma suspeita no elevado número de adesões de sócios entre novembro e dezembro de 2015, último período para poder votar. A Justiça, então, determinou que a urna 7 fosse separada das outras, e vai analisar posteriormente se os 475 votos contidos nela serão válidos ou não. Nesta, Eurico teve mais de 90% dos votos. Desconsiderando-a, Julio Brant foi o vencedor do pleito.
Fonte: UOL