Beach Soccer: Melhor jogador do mundo, Mauricinho é a arma do Vasco para conseguir o bi da Libertadores
Do Morro dos Cabritos para o mundo, Mauricinho se firmou como um dos principais nomes da seleção brasileira. Natural da comunidade carioca situada entre os bairros de Copacabana e Lagoa, ele é um exemplo de como o esporte é capaz de transformar vidas. Cria do Vasco, foi descoberto jogando futebol na praia, agarrou a oportunidade e seguiu os conselhos de um dos maiores ídolos das areias, Júnior Negão. "Junte-se aos bons e você será um deles", dizia o mantra do mentor. O seu sonho sempre foi ser jogador, mas ele nunca esperou chegar tão longe. Eleito o melhor do mundo nesta temporada, o atacante foi crucial no pentacampeonato mundial invicto do Brasil nas Bahamas e no tri da Copa Intercontinental de Dubai. Ele é também um dos responsáveis pela invencibilidade da seleção, que chegou a 47 jogos e a 10 títulos em dois anos. Pelo Vasco, foram inúmeras conquistas, sendo a última o bi na Libertadores da América.
Nota da NETVASCO: O Vasco conquistou o título da 1ª edição da Copa Libertadores de Beach Soccer em janeiro deste ano (relembre). Portanto, briga pelo bicampeonato neste edição.
O time cruzmaltino busca o terceiro título consecutivo no torneio organizado pela Conmebol em Assunção, no Paraguai, de 11 a 18 de novembro. Há seis anos defendendo as cores do "Trem Bala da Areia" e com amigos de infância que também passaram a atuar pela equipe, Mauricinho aposta no entrosamento na Libertadores. Rafael Bokinha, outro destaque da seleção brasileira, também foi revelado pelo Vasco e até hoje nutre uma grande amizade com ele. O amor pelo time ficou tão grande que Mauricinho passou até a torcer pelo clube da Colina.
- O Vasco foi o pioneiro aí do Mauricinho no futebol. Sou muito grato ao Vasco e me tornei torcedor. Tenho um orgulho imenso de representar o Vascão. Ali estão os meus amigos, a minha família. Quando a gente entra em campo, a gente se doa. A gente formou uma amizade porque foi onde eu comecei e a grande maioria da seleção está ali e começou comigo. Tenho um vínculo muito forte de amizade. Estamos treinando e focados para a Libertadores. Vamos com tudo - disse Mauricinho.
A Libertadores seria realizada em dezembro do ano passado, mas, devido à tragédia envolvendo o avião da Chapeconse, foi adiada. Mauricinho será novamente a peça-chave do Vasco.
O campeonato terá 12 equipes, sendo um representante de cada país, indicados pelas federações nacionais, um time do país-sede (indicado pela federação paraguaia) e o atual campeão. Para a vaga nacional, a Confederação de Beach Soccer do Brasil (CBSB) confirmou o Sampaio Corrêa (MA), atual vice-campeão do Campeonato Brasileiro e campeão da Copa Brasil de 2016. Por enquanto, os campeonatos ainda são esporádicos, mas a entidade busca realizar mais campeonatos em um futuro próximo.
Proposta do "Real Madrid das areias"
Devido ao calendário irregular nas areias tanto no Brasil como no mundo, Mauricinho já atuou em ligas da Itália, Portugal, Rússia e Ásia. Defendeu clubes como Inter de Milão, Lokomotiv de Moscou, Braga, de Portugal, Al-Ahli, de Dubai, e teve até uma rápida passagem pelo Flamengo, mas a sua história com o Vasco já tem seis anos. E depois de muita luta, vieram os dias de glória. Após o melhor individual e os títulos da última temporada, já começaram a pipocar algumas propostas. Um dos times interssados em contratar o jogador é o Krystal, da Rússia, uma potência nas areias.
- Ano que vem, eu recebi uma proposta para jogar no Krystal, time que o Bruno Xavier jogou e atualmente tem o Datinha e o Rodrigo (outros titulares da seleção brasileira). É o Real Madrid do futebol de areia. Eu recebi o convite e tem grandes chances de eu jogar no Krystal ano que vem - revelou o jogador, que espera por um calendário mais regular tanto no Brasil como na Europa.
Detectar e lapidar talentos no futuro
No futuro, o jogador esperar devolver ao esporte aquilo que recebeu e cogita montar uma escolinha para dar oportunidade a crianças e jovens através do futebol de areia, principalmente, nas comunidades mais carentes, como o lugar que cresceu.
- A ficha ainda não caiu, mas como o professor Gil (Gilberto Costa, treinador da seleção brasileira) sempre fala: a seleção brasileira hoje tem jogadores fantásticos. Qualquer um deles que fosse melhor do mundo hoje não seria nenhuma injustiça pelos resultados, pelas vitórias e pela dedicação de cada um. Quando eu entrei na seleção, o meu objetivo maior era ajudar o processo de colocar o Brasil no topo e hoje estamos aí. Estou muito feliz com essa conquista individual e espero usar isso para ajudar outras pessoas, como projetos, ser inspiração para outras crianças.
- Onde eu moro, são poucas as pessoas que querem ajudar. Não que tenha pessoas ruins, mas é falta de oportunidade. E eu sou sou um desses garotos e agradeço por ter tido essa oportunidade para trilhar o caminho do bem e do esporte e hoje estar representando o meu pais, a seleção brasileiro, e é isso que eu levo comigo - acrescentou Mauricinho.
Júnior Negão é referência: "Paizão"
O jogador foi descoberto por Júnior Negão, que enxergou cedo o potencial do menino quando o esporte era apenas uma brincadeira com os amigos na Praia de Copacabana. O ex-técnico da seleção e o segundo maior artilheiro da amarelinha na história, com com 318 gols - superado apenas por Neném (336) - o levou para o Vasco e se tornou um de seus mentores no esporte.
- O Negão acreditou mais em mim do que eu mesmo. Ele sempre fala: "Mauricinho, junte-se aos bons e serás um deles". Ele me ajudou muito, sou muito grato a ele, ao Gil, ao Fábio Costa, à Marinha que nos dá muito suporte e os que estão envolvidos no Vasco. As coisas no Vasco são feitas com amor. Às vezes, falta recurso, mas estamos sempre buscando ser profissionais e dar o nosso melhor. O Negão me mandou mensagem antes da premiação e disse: "Se você não ganhar vai ser covardia. Ele me parabenizou e disse que eu estava jogando muito bem. É um paizão e gente boa demais. Gosto muito dele e sempre serei grato a ele e à geração que iniciou no esporte. Se não fosse por eles, não haveria Mauricinho, Bokinha, Rodrigo, não haveria ninguém dessa nova geração.
Fonte: GloboEsporte.com