Entenda a polêmica da urna que vai decidir a eleição do Vasco
Quarta-feira, 08/11/2017 - 13:03
Entre os 691 votos que estão suspensos da eleição do Vasco (na prática, 475 foram votar) 94% são sócios da categoria Geral, a mais barata (e já extinta) faixa de associação. Custa, em teoria, R$ 45 por mês. A oposição, no entanto, contesta que esses associados estejam adimplentes, isto é, acredita que eles tenham ingressado no quadro apenas para constar, sem que tenham pago as mensalidades.

Alguns pontos reforçam essa tese, entre eles, três principais: o fato de estes sócios terem se associado em massa, nos meses de novembro e dezembro de 2015, e o fato de o clube ter se negado, mesmo com ação judicial, a apresentar os comprovantes de pagamento dos sócios questionados. O total de votos de Eurico Miranda nesta urna é o terceiro ponto. Nela, o atual presidente obteve mais de 90% do total de votos (428, contra 42 de Júlio Brant e quatro de Fernando Horta). Situação que não chegou nem perto de acontecer nas outras seis urnas. A que teve mais perto disso, o dirigente teve 55%.

Agora, a urna suspeita será levada à 52ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, onde está nomeado um perito para analisar a legalidade desses votos. O processo foi aberto pela chapa do opositor Fernando Horta, da qual também faz parte o atual presidente do Conselho Fiscal do clube, Otto Carvalho. Até o início da tarde desta quarta-feira, a urna ainda não havia chegado ao Fórum. Mas para evitar que ela se extraviasse ou a decisão não fosse cumprida, a Justiça determinou que um juiz acompanhasse todo o pleito e que a Polícia Militar fosse responsável pela segurança.

Na decisão que determinou a separação da urna, a desembargadora Maria Cecília Pinto Gonçalves concordou com parte da argumentação dos opositores de Eurico de a associação em massa desses eleitores foi atípica:

"O conjunto probatório evidencia uma adesão de mais de 600 sócios em apenas dois meses, fugindo ao fluxo normal, em especial, quando o país e o Estado do Rio de Janeiro atravessam uma crise financeira avassaladora e os gastos supérfluos são eliminados, assim, estão demonstrados os indícios de irregularidades na adesão dos sócios referidos", escreveu a magistrada na decisão.

Ainda de acordo com levantamento feito pela oposição, dados do clube mostram que antes desses dois meses, o fluxo de novos associados nesta categoria era de 20 a 30, número muito diferente dos quase 700 novos sócios questionados, que são chamados de "mensaleiros" em São Januário.

Para o presidente do Conselho Fiscal, o comportamento do clube em recorrer da decisão e não apresentar os comprovantes de pagamento evidencia as suspeitas.

"Se eles acham que a oposição está procurando pelo em ovo, como disse o Eurico, deveria apresentar os pagamentos. É simples", disse Otto Carvalho.

Associados no último mês

O grupo que se associou em massa pegou o último mês da categoria Geral, uma vez que no mês seguinte (em janeiro) de 2016, o clube lançou seu programa de Sócio Torcedor, sem direito a voto. As duas decisões foram tomadas enquanto Eurico já era presidente.

Após o fim da eleição, na madrugada desta quarta-feira, mesmo com a urna impugnada, o mandatário foi proclamado reeleito e declarou à imprensa:

"Eu não sei nem o que eles vão impugnar. Eu não sei. Mas eles podem impugnar. O que eles vão impugnar? Os votos? Tá bom, mas baseado em quê? Baseado em quê?".



Fonte: Blog da Gabriela Moreira - ESPN.com.br