Em entrevista, Fernando Horta fala sobre sua campanha e planejamento para o Vasco caso seja eleito
Domingo, 05/11/2017 - 06:46
O LANCE! publica nesta terça-feira a segunda entrevista exclusiva da série especial com os candidatos à presidência do Vasco, com eleição marcada para a próxima terça-feira, em São Januário. Por critério editorial, as publicações estão sendo feitas por ordem alfabética, com 15 perguntas iguais para os postulantes. Hoje é a vez do candidato de oposição Fernando Horta, empresário e presidente da escola de samba Unidos da Tijuca, da chapa Mudança com Segurança. Concorrem também Eurico Miranda (chapa Reconstruindo o Vasco) pela situação, Antônio Fernandes (Novos Rumos) e Julio Brant (Sempre Vasco Livre) pela oposição.

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Eu já sou um veterano, conhecido mais aqui na Unidos da Tijuca dentro do Rio de Janeiro. Sou sócio do Vasco desde 1969, embora seja vascaíno desde 1965 quando cheguei ao Brasil. Participei agora dessa última administração temporariamente e me sinto preparado para assumir a presidência do Vasco.

Qual é o carro-chefe da campanha?

O carro-chefe é esperar que os grandes vascaínos apareçam lá nas urnas. Embora saiba que existe uma grande quantidade que a gente chama de mensalão, que isso aí está na Justiça, vamos ver o que a ela resolve. Mesmo assim, se o vascaíno de verdade que comprou o seu título de sócio for lá, a gente consegue superar isso.

Qual é o planejamento que você tem para o futebol?

O planejamento para o futebol é o número um. A gente pretende colocar o Vasco em uma trilha de vitórias, ser vencedor. O Vasco não vence quase nada desde praticamente os anos 2000 para cá. Então, lógico que é o nosso projeto número um tratar do futebol, mas logicamente não esquecendo dos outros esportes. E também tentar sanear o clube, que é o mais importante e que o clube volte a trilhar com respeito, e tentar acabar com todas aquelas dificuldades de bagunça, de brigas e outros situações, como o sócio ser reprimido de entrar em São Januário. A gente vai fazer uma grande modificação.

Qual será sua primeira atitude caso seja eleito?

A primeira atividade é sentar com a equipe, porque o Vasco não será só eu, será nós. Tentar ver os pepinos que têm, sanear, e começar a preparar uma equipe para poder despontar logo em seguida. É a mesma coisa do que quando você entra em uma casa desarrumada. A gente vai ver o que é mais necessário fazer mais na frente, quando tiver dentro. E vai ser feito, isso aí não tenha dúvida nenhuma. A gente vai fazer, até porque o meu grupo é forte.

O técnico Zé Ricardo fica em 2018 caso vença a eleição?

Eu não quero falar nesse assunto agora, porque o Vasco está numa competição ainda. Isso aí é naturalmente, ele vem fazendo um trabalho legal. A gente não vai perseguir ninguém, as pessoas interessantes continuarão no clube. A gente não vai fazer caça às bruxas. O Zé Ricardo é uma pessoa que está de parabéns pelo trabalho que está fazendo.

E o planejamento para a estrutura do clube?

O planejamento é trabalho, honestidade e trabalho. A gente tem um projeto para fazer um centro de treinamento, um projeto futuro também para fazer uma reforma em São Januário e arrumar a casa. O Vasco passou a ser uma empresa muito fechada, entre familiares. A gente vai abrir o Vasco para quem é de direito, para todos os sócios. Vou arrumar uma equipe boa que vai decidir junto comigo. Eu pretendo montar um conselho superior além dos vice-presidentes. Eu tenho um projeto legal, de trabalho, que tenho certeza que vai conseguir sanear o Vasco com os pés no chão. Não adiante eu chegar aqui é ficar prometendo vou fazer isso ou aquilo. Tudo será dentro de uma estrutura, dentro de um planejamento e das condições que a gente vai ter para fazer.

Em um clube que o passivo tributário é grande, tem muitas dívidas trabalhistas, qual é o plano para tentar sanar isso e ter dinheiro para cumprir o orçamento?

A gente vai conseguir. Se outros clubes conseguem, a gente vai conseguir. Isso aí a gente conseguiu aqui na Unidos da Tijuca, tanto é que a escola não tem nenhuma dívida trabalhista. A gente está ciente disso, justamente porque não estou aqui para fazer grandes promessas. Lógico que eu vou melhorar o clube, tenha certeza, trabalhar com honestidade e com uma equipe forte. A gente vai tentar trazer novamente a nata vascaína para ajudar o Vasco.

Qual o ponto que você considera mais vulnerável da administração do clube no momento?

O que eu acho mais vulnerável é justamente essa decadência que a gente vem tendo. Hoje colocam o Vasco em 11º, 12º em marketing. Isso vai ter que ser bem modificado e trabalhado, e trazer o clube para aquilo que ele sempre foi e está se deixando apequenar. Tem que ser um dos grandes clubes do Brasil, esse é o nosso objetivo principal. O Vasco tem que estar entre primeiros em colocação de renda, financeiramente e também em condições.

Quais os planos para São Januário e um possível centro de treinamento?

O nosso projeto já foi divulgado, está no nosso programa, no nosso site. O CT está sendo obrigado a fazer até 2019 pela CBF. E não é porque está sendo obrigado, o Vasco precisa de um centro de treinamento. Isso está no nosso planejamento, já tem estudo sobre isso, tem pessoas que vão apoiar esse projeto. Será feito no meu primeiro ano de gestão, que vai começar a obra.

O que fazer para crescer e dar credibilidade à marca Vasco no mercado?

O que falta é justamente trabalhar bem a marca. Ter pessoas gabaritadas, profissionais nesse ramo. Eu vou liderar uma diretoria e meus parceiros. A gente sabe que o Vasco em questão de marketing está muito fraco. Tem a questão de sócio-torcedor, que é um dos menores. Tem um clube pequeno lá do sul do Brasil que tem mais sócios do que o Vasco. Então, alguma coisa está errada, e a gente sabe onde está o erro. Nós temos um projeto bom para isso, que o sócio tenha muitas vantagens. Isso aí está tudo no nosso programa.

Com você no comando, o investimento nos esportes olímpicos será forte ou ficará em segundo plano por causa do futebol?

Lógico! Vamos tentar ter o esporte olímpico forte, porque é importante. A gente vai procurar trabalhar em cima disso. Vamos ter dificuldades no começo, mas estamos preparados. O ponto fundamental é saber administrar, honestidade e trabalho. Não precisar do clube para viver.

Qual o plano para trabalhar o programa de sócio-torcedor?

Nós temos um programa para fazer grandes parcerias no mercado nacional. Que o sócio-torcedor tenha alguma vantagem, até aquele torcedor que está fora do Rio de Janeiro. No meu programa o sócio também vai deixar de comprar ingresso. Vamos colocar, a tecnologia já existe, que ele tenha um cartão de crédito e carregue neste cartão o ingresso. Tem muitas pessoas que vão trabalhar comigo na diretoria donos de supermercados e vamos fazer parcerias para que o sócio-torcedor tenha alguma vantagem sobre isso, não tenha só o direito de ver o jogo.

Na questão de patrocínio e fornecedora de material esportivo, o que fará caso seja eleito?

Embora o mercado ande complicado, a gente vai arrumar patrocínio, porque os investidores vão encontrar uma pessoa que vai respeitar contratos, e pessoas séries dentro do clube. Hoje o Vasco está há dois ou três anos sem patrocínio, só a Caixa. Logicamente a gente vai trazer mais, nem que sejam pontuais para criar receitas de imediato para o clube.

É a favor de uma reforma estatutária? E é a favor do Vasco passar a ter eleição direta?

Eu sou a favor, isso é um trabalho que vai logo começar. Tenho uma equipe que vai fazer um estudo estatutário. Eu sou a favor de uma eleição direta, e muitas coisas precisam ser mudadas no estatuto. Acho que o próprio presidente do clube não pode ter tantos poderes do jeito que está o estatuto do Vasco. Claro que o presidente tem que ter poderes, mas não pode ser do jeito que está do "sou eu que faço", "é comigo mesmo"... essa época já passou. Na altura que foi fundado poderia ser o ideal, mas hoje não é mais. Tentar que não tenha mais essa vergonha de escândalo na eleição, fazer com que nas próximas sejam eleições limpas. Que o próprio vascaíno mesmo fora do Rio de Janeiro possa votar, sem precisar se descolar até aqui. Eu acho que me sinto com força dentro do clube para fazer essa mudança estatutária.

Deixe seu recado ao torcedor

O que quero deixar para o torcedor vascaíno é que se ele quiser uma mudança com segurança, votar em Fernando Horta. Não quero nem falar mal dos outros candidatos, mas no momento me sinto a pessoa mais preparada para assumir o Vasco da Gama. Podem ter certeza, porque já conhecem o meu trabalho, aquilo que tenho feito dentro da Unidos da Tijuca, na minha vida comercial. Sou capaz de fazer um Vasco melhor.



Fonte: Lance