No dia 20 de outubro, o Vasco completaria dois meses de salários atrasados. Pagou um mês e, agora, ainda deve um. A insatisfação, em qualquer clube, é normal. E muitas vezes a situação interfere diretamente, não só no resultado daquele período, mas na temporada como um todo. Entretanto, mesmo com a situação, o Cruz-Maltino encontrou seu auge na temporada. E isso tem mais do que explicação. São fatos.
Com salários em dia na época, Milton Mendes, que teve boa fase, acabou "perdendo o grupo" com alguns problemas de relacionamento, além da carga de treinos intensa. No futebol, harmonia e confiança são fatores cruciais. Isso já não existia mais. Neste dia 23 de outubro, completam-se exatamente dois meses da chegada de Zé Ricardo. O ambiente proporcionado pelo técnico, a postura dos jogadores, que frisam em todas as coletivas que esse é o objetivo, além do alinhamento com a diretoria, explicam o "abraço" que o grupo deu no projeto Libertadores.
Zé Ricardo, com humildade e profissionalismo, excluiu egos e vaidades, deu confiança ao grupo. Hoje, jogadores que pareciam perdidos no Vasco, como Madson, Wagner e Wellington, são peças importantes. Não só isso: Zé faz papel de pai dentro do elenco. Com experientes e garotos. Conversas privadas, conselhos e críticas construtivas fazem parte do cotidiano. No geral, o comandante se coloca no lugar dos atletas. Entende necessidades e ameniza possíveis desconfortos. Por isso, mesmo com a parte financeira pesando, o ambiente é leve e os números não mentem:
ERA ZÉ RICARDO
8 JOGOS
4 VITÓRIAS
3 EMPATES
1 DERROTA
8 GOLS FEITOS
9 GOLS SOFRIDOS
A única derrota foi para o Corinthians, com o polêmico gol de mão do atacante Jô. Ninguém gosta de não receber. Inclusive, cerca de sete jogadores ainda estão com direitos de imagem atrasados, problema que a diretoria afirma que irá resolver em breve. Após a vitória sobre o Botafogo, no Maracanã, Eurico Miranda fez questão de ir à coletiva com Zé e dizer:
"Eu quero dar dois recados, porque a coletiva é do Zé Ricardo. Quero fazer um agradecimento público aos jogadores, comissão técnica, e eles sabem o porquê de eu estar falando isso", assim disse Eurico Miranda, após a vitória por 1 a 0 no clássico com o Botafogo, no Maracanã. O porquê, obviamente, são os salários vencidos.
A experiência dos mais velhos dentro e fora de campo, como Ramon e Anderson Martins, jogadores que passaram por isso (salários atrasados) no melhor time do Vasco da década (2011/2012) vêm dando confiança aos mais novos. Zé Ricardo recuperou Nenê, peça principal do Vasco, e abafa boa parte do clima tenso que poderia assolar São Januário e acabar com o objetivo de jogar uma Libertadores em 2018. O técnico tem defeitos, como qualquer um, mas os êxitos que vêm alcançando transpassam um elenco limitado e um ano de baixa expetativa. E o mais impressionante: o dinheiro não tem falado mais alto. Os números não mentem.
Fonte: Esporte Interativo