Hoje no Boavista, Julio Cesar relembra carreira e passagem pelo Vasco
Quinta-feira, 19/10/2017 - 17:24
Júlio César tem na bagagem uma carreira repleta de experiências, histórias e a certeza de que tudo foi muito além do que imaginava quando deu os primeiros passos pelo Bangu. Afinal, rodou por diversas equipes do futebol brasileiro, viveu o auge de desempenho no Goiás, e hoje orgulha-se de ser um dos poucos que conquistaram títulos nos quatro grandes do Rio.

Aos 35 anos e atualmente no Boavista-RJ, onde participou recentemente do título da Copa Rio, o veterano lateral-esquerdo recordou ao GloboEsporte.com toda a sua carreira, incluindo a coleção de canecos no Rio de Janeiro durante as passagens por Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco, clube pelo qual ainda é vinculado.

Influência do pai na carreira

Nascido em São Paulo, Júlio César pode dizer que o dom de jogar bola veio de uma herança familiar. Afinal, ele é filho do ex-atacante César, que brilhou com as camisas de Vasco, Sevilla-ESP, Palmeiras e que também chegou a defender a Seleção brasileira entre as décadas de 1970 e 1980.

Apesar de ter escolhido uma posição diferente da do pai, Júlio César conta o tamanho do apoio que recebeu de César durante toda a carreira.

- Meu pai jogou demais, jogou na Seleção. Foi muito importante para a minha carreira por conhecer a profissão. Por tudo que viveu, por ter sido um jogador de nome... Não era aquele pai chato que às vezes atrapalha. Ele e minha mãe foram muito importantes para mim - conta Júlio.

O início

A trajetória de Júlio César no futebol começou nas categorias de base do Bangu-RJ, no início dos anos 2000. Em 2003, se transferiu para o America-RN e, logo depois, chamou a atenção da direção do Flamengo. No entanto, pelo Rubro-Negro, foram apenas 22 jogos e nenhum gol marcado em três temporadas (2003-2005). Mas ajudou no título do Carioca de 2004, em cima do Vasco.

O lateral, inclusive, lembra que o momento extracampo conturbado vivido pelo Fla na época acabou influenciando a sua passagem pela Gávea.

- O Flamengo se interessou e me contratou em 2003. Fiquei lá até 2005. Tinha atraso de salários, briga política, falta de dinheiro... Mas era um clube de nome e eu ganhava bem na época. Apesar do peso da camisa, foi um momento bom, levo sempre como experiência.

Título brasileiro pelo Flu e prêmio pelo Goiás

Após deixar o Flamengo em 2005, Júlio César rodou por Marília, Cruzeiro e Náutico até chegar ao Goiás, em 2009. Pelo time goiano, viveu, segundo ele, um dos melhores momentos da carreira, quando recebeu o prêmio de melhor lateral-esquerdo do Brasileirão de 2009. Por lá, disputou 69 partidas oficiais e anotou nove gols - ainda faturou um título estadual, em 2009.

Em 2010, Júlio César acabou contratado pelo Fluminense, onde fez parte do grupo campeão do Campeonato Brasileiro sob o comando de Muricy Ramalho.

- Eu tenho um momento marcante para mim: quando ganhei o prêmio de melhor lateral do Brasileirão pelo Goiás. Outro foi quando conquistei o Campeonato Brasileiro pelo Fluminense, que não ganhava esse título há muito tempo. Havia muita pressão com o Muricy Ramalho.

Os melhores momentos

Com a saída do Fluminense em 2011, Júlio César se transferiu para o Grêmio. E foi no Tricolor do Rio Grande do Sul que Júlio César acredita que tenha repetido as atuações dos tempos de Goiás.

- Acho que o meu auge foi em Goiás. Depois, eu também vivi um bom momento no Grêmio, porque eu jogava do jeito que eu gosto. Tinha liberdade para atacar, e o lateral acaba aparecendo quando vai bem ofensivamente. Ao contrário do resto do mundo, aqui no Brasil se não for ofensivo, o lateral não é bem representado. No Grêmio, tive uma identificação grande com o clube. Em 2011, estávamos brigando para não cair e conseguimos o objetivo. Depois, operei o joelho e acabei jogando pouco - conta.

Saída conturbada do Botafogo

Em 2013, Júlio César chegou ao Botafogo que, na época, contava com a presença do holandês Seedorf e era dirigido por Oswaldo de Oliveira. Foi campeão do Carioca e fez parte da campanha no Campeonato Brasileiro que recolocou o clube na Libertadores no ano seguinte. Entretanto, em 2014, participou de uma das piores temporadas recentes da história do Botafogo.

Na Libertadores, o Alvinegro foi eliminado na fase de grupos e, no Brasileirão, acabou rebaixado. Pior: antes do fim da competição, foi afastado pela diretoria junto com Emerson Sheik, Bolívar e Edílson.

- Eu acho que não por mim, mas acredito que (o pior momento) foi a saída do Botafogo, muito por conta da briga com o presidente na época. Depois veio tudo à tona, todo mundo ficou sabendo o que aconteceu. Hoje, ele (Maurício Assumpção) não pode nem pisar lá. Todos nós saímos do clube, mandaram embora quem estava ajudando. Mas eu ainda tenho um carinho muito grande pelo Botafogo.

Altos e baixos no Vasco e ressurgimento no Boavista

Já em 2015, Júlio César foi contratado pelo Vasco e entrou para a galeria dos poucos jogadores que atuaram pelos quatro grandes do Rio. Pelo clube, foi bicampeão do Carioca (2015 e 2016), titular durante a campanha na Série B do ano passado, mas viveu uma relação de altos e baixos com a torcida cruz-maltina.

Em 2017, ficou fora dos planos da comissão técnica comandada por Cristóvão Borges e acabou encostado. Sem receber chances, foi emprestado ao Boavista, clube da Região dos Lagos do Rio de Janeiro que disputava a Série D do Brasileiro e teria pela frente a Copa Rio.

Na competição nacional, pouco entrou em campo por conta da eliminação precoce do time de Saquarema, mas foi um dos destaques do inédito título da Copa Rio no mês de setembro, em cima do Americano.

- Foi uma opção do clube no final do ano em não me querer. Tenho que respeitar a decisão, sou um funcionário muito profissional. Não tenho do que reclamar e acabei vindo aqui para o Boavista - disse o jogador que, no Verdão de Bacaxá, reencontrou antigos companheiros de Vasco, como o centroavante Leandrão e o meia Fellype Gabriel.

- O Boavista, apesar de ser um time pequeno, tem uma estrutura de time grande. Isso facilita muito para os jogadores mais famosos que passaram por times grandes e acabaram indo para o Boavista. Tem uma estrutura bacana, que facilita o trabalho. A diretoria não deixa faltar nada. E, em pouco tempo, consegui um título inédito. O Boavista foi o sexto clube do Rio em que joguei, dificilmente alguém vai bater essa meta.

Futuro em aberto

Ainda sob contrato com o Vasco, Júlio César não sabe o que esperar do futuro para a próxima temporada. Não descarta uma permanência no Boavista para a disputa do Campeonato Carioca, mas prefere aguardar para conhecer a sequência da carreira.

- Ainda é muito cedo. Estou emprestado e vou ver o que pode acontecer no ano que vem - encerra.



Fonte: GloboEsporte.com