Hoje na Tailândia, Willen relembra formação no Vasco e parceria com Philippe Coutinho
Quarta-feira, 04/10/2017 - 23:44
No próximo dia 6 de outubro, a seleção brasileira sub-17 iniciará mais uma participação no Mundial da categoria em busca do tetracampeonato - venceu em 1997, 1999 e 2003. E para tentar o quarto título da competição que será disputada na Índia, o Brasil contará com a presença de algumas joias de clubes brasileiros, mesmo sem a presença de Vinicius Junior, que acabou não liberado pelo Flamengo.

E o técnico Carlos Amadeu tem o desafio de apagar a impressão deixada pela Seleção nas últimas edições do torneio. Em 2009, por exemplo, o Brasil fez uma fraca campanha na Nigéria e acabou eliminado na primeira fase - Neymar, Philippe Coutinho, Alisson e Casemiro faziam parte daquele time.

Presente naquele Mundial, o atacante Willen, ex-Vasco, revelou ao GloboEsporte.com os principais motivos que levaram a Seleção ao fracasso no continente africano. Afinal, a equipe dirigida por Lucho Nizzo conseguiu apenas uma vitória em três jogos - perdeu para Suíça e México e bateu o Japão. (Confira acima lances da única vitória do Brasil no Mundial de 2009, diante do Japão, com direito a gol de Neymar).

- A gente se preparou bem para o Mundial. Tínhamos ganhado o Sul-Americano. Tínhamos grandes jogadores e totais condições de sermos campeões. Eu acredito que o grupo rachou um pouco, se distanciou. Alguns jogadores tinham vaidade e creio que foi isso que não nos deixou ir para frente. Éramos os favoritos em todas as competições, mas acredito que rolava um pouco de vaidade e não soubemos administrar isso - conta o jogador, que, no entanto, isenta Coutinho e Neymar daquela situação.

- Não era em relação ao Coutinho e ao Neymar, porque eles sempre foram muito amigos. Eu digo em relação aos outros jogadores. (O clima) Não era igual antes. Ninguém consegue entender, mas não teve briga, nem nada.

Nascido no Rio de Janeiro, Willen foi formado na base do Vasco, onde chegou aos 11 anos. Passou por quase todas as categorias inferiores e quase sempre destacou-se pelo gols. Em 2009, estreou pelos profissionais aos 17 anos no mesmo jogo em que Philippe Coutinho, no empate sem gols com o Duque de Caxias, pela Série B, em São Januário - Coutinho atuou pelos 90 minutos, enquanto Willen entrou no intervalo. (Confira imagens da estreia de Willen pelo Vasco abaixo).

- Eu fiz minha estreia em 2009. Nós até estreamos juntos, eu e o Coutinho, em um jogo da Série B contra o Duque de Caxias. Acredito que eu fui bem na partida - lembra o atacante, atualmente com 25 anos e atuando no Prachuap FC, da Segunda Divisão da Tailândia.

Sem receber chances, Willen acabou emprestado ao Portimonense, de Portugal, em 2013, e logo depois para Assyriska, da Suécia, e Bangu-RJ. Após ter o vínculo encerrado com o Cruz-Maltino, passou ainda por Avaí, Capivariano-SP e Portuguesa-SP, seu último clube no Brasil, em 2015.

No ano passado, acabou se transferindo para o Songkhla United, da Tailândia, onde virou ídolo e artilheiro. Já nesta temporada, defende o Prachuap FC, da Segundona do país.

Confira outros trechos do bate-papo com o ex-vascaíno Willen:

O início

- Cheguei no Vasco com 11 anos, depois de disputar um torneio de futsal pela minha escola. Acabamos fazendo a final desse torneio contra o Vasco e, apesar de termos perdido a final, o treinador deles veio até mim, falou que tinha uma notícia boa, queria eu eu fizesse um teste no clube. Através dele, fui fazer o teste direto no campo. No segundo dia de testes, já pediram os meus documentos para eu me federar no clube.

Amizade com Coutinho

- O Coutinho sempre foi muito amigo. Somos amigos até hoje. Aprendi muito com ele e acredito que ele tenha aprendido comigo também. A gente tem uma relação muito boa. Todo dia havia um motivo para resenha, brincadeiras, um zoar o outro. Às vezes, a gente chegava meio triste, meio bolado, mas esquecíamos tudo no vestiário. Fiz muitos amigos ali.

Esquecimento após a estreia

- Os caras simplesmente me esqueceram. Depois, mudou a diretoria (saiu Eurico e entrou Dinamite), e os caras não respeitaram o que eu fiz pelo clube. Vinha sendo convocado para a Seleção, mas os caras quase acabaram com a minha carreira. Graças a Deus, a minha família me deu apoio, me deu todo o suporte que eu precisava naquele momento para seguir minha carreira e continuar no futebol até hoje. Muitos jogadores daquela época pararam de jogar pelas coisas que aconteceram, pela trairagem que existe no futebol.

Mágoa com o Vasco

- Na verdade, eu guardo sim um pouco de mágoa. Mas isso ficou no passado, serviu de aprendizado. Estou feliz agora pelo meu momento, venho de duas temporadas fazendo bastante gols, o que é muito importante para mim. Se um dia tiver que voltar para lá, que seja feita a vontade de Deus. Espero voltar para fazer o meu melhor e ter um final feliz no clube.

Falta de chances

- Eu rodei por alguns times, mas não tive oportunidades. Em todos os clubes que passei, sempre havia algum tipo de problema. Parecia que faltava um pouco de sorte. Acho que isso atrapalhou a minha carreira. O Bangu é um clube que eu guardo com muito carinho. Tive uma sequência de jogos, um aprendizado bom. Foi o clube em que eu fiz meu primeiro gol no profissional.

Momento na Tailândia e o futuro

- Estou muito feliz aqui, mas espero buscar outros ares. Prefiro disputar um campeonato europeu, acho que tenho totais condições de fazer isso. A Tailândia foi um mercado novo e tenho certeza de que as portas estarão sempre abertas para mim. A minha família gosta bastante daqui, nos adaptamos bem. É um país que parece um pouco com o Brasil em relação ao clima, faz bastante calor.

Caminhos diferentes

- Eu fico feliz por eles (Neymar e Coutinho), mas acredito que cada um tem o seu momento, a sua hora. Eu perdi muito tempo, demorei muito para entender isso. A cabeça ficou um pouco conturbada. É diferente estar em um clube grande e do nada ir para um pequeno. Para você recuperar a alegria é muito difícil. Para mim, foi muito difícil. Mas agora estou feliz aqui, tenho uma grande sequência de jogos, coisa que não tive no Brasil. Espero voltar para um time grande, estar em um cenário maior. Estou trabalhando para isso. Se Deus quiser, vai dar tudo certo. Mas vamos ver se um dia eu consigo voltar a vestir a Amarelinha e estar ao lado de grandes jogadores.



Fonte: GloboEsporte.com