Grupo Identidade Vasco divulga análise do quadro político do Vasco
Quinta-feira, 14/09/2017 - 07:11
ANÁLISE DO ATUAL QUADRO POLÍTICO DO VASCO

IDENTIDADE VASCO·QUARTA-FEIRA, 13 DE SETEMBRO DE 2017

O Grupo Identidade Vasco, que integra a Frente Vasco Livre, compartilha com os vascaínos em geral sua avaliação do atual quadro político no Club de Regatas Vasco da Gama, depois de definida a data da Assembleia Geral (7 de novembro) que elegerá os 150 conselheiros que integrarão o Conselho Deliberativo no triênio 2018-2020.

Como funciona a eleição no Vasco?

No dia 7 de novembro serão eleitos o novo presidente da Assembleia Geral (responsável tão somente por conduzir as eleições vascaínas em 2020) e 150 conselheiros, 120 indicados pela Chapa que for a mais votada e 30 indicados pela chapa que ficar em segundo lugar. A estes 150 Conselheiros Eleitos juntar-se-ão outros 150 Conselheiros Natos (beneméritos e grandes beneméritos, que são vitalícios). São estes trezentos que, em data ainda a ser marcada, reunidos na sede da Lagoa, elegerão a Diretoria Administrativa, incluindo o novo presidente ("presidente da Diretoria Administrativa"), que é, de fato, quem dirige o Clube.

Tradicionalmente, todas as chapas que concorrem ao Conselho já apresentam de antemão o nome de seu candidato a presidente da diretoria administrativa e nunca aconteceu, na história do Vasco, um caso em que a chapa vencedora na eleição para o Conselho Deliberativo deixe de eleger seu candidato a presidente da diretoria administrativa.

Cenário Fragmentado

Tanto a situação quanto a oposição aparecem, até o momento, divididas. Eurico viu dois membros de sua base política anunciarem o rompimento, lançando-se como candidatos: Otto de Carvalho e Fernando Horta. Alexandre Campello (oposição), o próprio Eurico Miranda (reeleição) e Júlio Brant (oposição), já estão em campanha e, assim, o Vasco tem 5 candidatos à presidência.

Os candidatos

Alexandre Campello/Frente Vasco Livre

Com larga trajetória no Vasco, o bem-sucedido médico Alexandre Campello conseguiu reunir em torno do seu nome os maiores grupos da oposição vascaína, que formaram a Frente Vasco Livre, integrada por Cruzada Vascaína, Desenvolve Vasco, Identidade Vasco, Pró Vasco, Time da Virada, Vasco Imortal e Vira Vasco.

Para conformar esta união, o grupo Identidade Vasco aceitou abrir mão da candidatura de Roberto Monteiro, coordenador do IV - cuja chapa obteve na última eleição 20,65% dos votos - em busca de um acordo que possibilitasse a união da oposição vascaína.

Com uma campanha bem estruturada, baseada em um programa construído coletivamente e tendo em Alexandre Campello um candidato moderno, carismático e com rejeição baixíssima, a Frente Vasco Livre é o fato novo desta eleição que vem galvanizando parte importante dos associados e aparece com grandes possibilidades de vitória na Assembleia Geral de novembro.

Eurico Miranda/Reconstruindo o Vasco

Depois de voltar ao comando do Vasco prometendo que, com ele, o Vasco jamais cairia, Eurico fez uma gestão que suplantou as expectativas negativas que existiam. Em 2015 fez a torcida passar pelo vexame de ver o nosso time principal de futebol ter o pior desempenho da história, somando no primeiro turno do campeonato brasileiro apenas 13 pontos. Ao final o Vasco foi rebaixado e em 2016 penou para voltar à primeira divisão, conquistando a vaga de acesso apenas na última rodada.

O patrocínio principal do Vasco ainda é a Caixa Econômica, que vem da gestão passada. Eurico, como presidente, mais uma vez se mostra incapaz de atrair parceiros dispostos a investir em um clube com milhões de torcedores espalhados pelo Brasil.

A entrega aos seus filhos dos setores estratégicos do Clube (futebol profissional e amador) aponta para uma visão dinástica, incompatível com a histórica do Vasco e que desagrada inclusive pessoas antes alinhadas ao "euriquismo".

Depois de três anos de gestão a rejeição ao nome do Eurico é de novo ampla e generalizada entre a torcida e muito grande entre os sócios e isto explica, em certa medida, a debandada de parte de sua base de apoio que busca desde já alternativas para manter o poder.

O próprio Eurico já trabalha com a tática de "2º turno". O que significa isso? Durante anos Eurico distribuiu títulos de "benemérito" e "grande benemérito" a pessoas que, pelo regulamento existente no Clube, não teriam a mínima condição de receber estas honrarias. No "regulamento" que Eurico inventou havia apenas uma exigência: jurar fidelidade ao líder. Desta forma Eurico tem, entre os membros vitalícios do Conselho deliberativo, um grande número de seguidores "eternamente gratos".

Assim, a estratégia euriquista de "2º turno" consiste no seguinte: mesmo que sua chapa fique em segundo lugar na Assembleia Geral do dia 7 de novembro, tendo direito portanto a indicar 30 conselheiros, estes 30 euriquistas se juntariam a uma sólida maioria entre os 150 membros natos esperando com isso vencer a eleição para a diretoria administrativa realizada na Lagoa, defraudando a vontade da Assembleia Geral pela primeira vez na história do Vasco.

Isso não quer dizer que a chapa de Eurico não tenha chances de vencer na Assembleia Geral. Com o controle da máquina na mão, Eurico domina "mecanismos" que interferem no resultado final. Daí a importância de a oposição insistir em auditar e fiscalizar a lista de sócios votantes impedindo que esse "mecanismo" funcione o que, se acontecer, diminuirá significativamente as chances de vitória do atual presidente.

Fernando Horta/Renovação Vascaína

Presidente ad eternum da escola de Samba Unidos da Tijuca, caiu nas graças da torcida ao colocar o Vasco como tema no desfile da escola, em 1998, ano do centenário do Gigante da Colina, em uma belíssima homenagem. Nesta ocasião, conforme revelou o relatório da CPI do Futebol do Senado Federal, divulgado em 2001, Fernando Horta recebeu, diretamente como pessoa física e através da sua vidraçaria, R$ 146.572,91, o que, em valores de hoje, corrigidos pelo índice da poupança, representaria mais de R$ 700.000,00, fora o que o Vasco pagou à Unidos da Tijuca (em valores atuais mais de R$ 2,6 milhões). Clique aqui e baixe a íntegra do relatório da CPI do Futebol de 2001. Na página 128 aparece o valor pago ao senhor Fernando Horta diretamente, e na página 130 o que ele recebeu através de sua vidraçaria.

Esta informação, no entanto, não afetava o prestígio de Fernando Horta no Vasco, particularmente em alta antes da última eleição no Clube, quando ele se apresentava como uma alternativa entre Roberto Dinamite e Eurico.

Seus ataques a Eurico eram muito duros. Já em setembro de 2012, Horta denunciava a estratégia de Eurico em relação à distribuição de títulos de beneméritos e grandes beneméritos: "O Eurico tem uma lista para fazer beneméritos, até 2020. Ele só não terá beneméritos se houver uma morte em massa...". Os ataques a Eurico foram aumentando de tom. Em entrevista de janeiro de 2014, Horta dizia sobre Eurico: "Ele tem seus seguidores, como todo grande ditador os tem: Mussolini, Salazar, Hitler; todos, até, hoje, têm seguidores. Eurico também os tem. E tem também o mensalão."

Foi grande o espanto, portanto, quando, poucos meses depois desta entrevista, Horta anunciou que não seria mais candidato e, esquecendo Salazar, Hitler, "mensalão" e todo o resto, revelou que apoiaria Eurico Miranda, inclusive fazendo parte da Chapa como primeiro vice-geral. O espanto em relação à atitude de Fernando Horta não foi compartilhado por quem conhecia a sua trajetória no Vasco, sempre ligado a Eurico de quem, por décadas, foi aliado fiel.

Apesar de continuar um nome forte dentro do Vasco, Horta, por essas e outras, já não desfruta de grande credibilidade, pois fala uma coisa em determinando momento para desmentir logo depois. Foi assim no dia 19 de maio deste ano, quando Horta e outros vice-presidentes assinaram um documento negando que a gestão Eurico estivesse sofrendo uma "debandada". No texto, DE APENAS QUATRO MESES ATRÁS, Horta e outros vice-presidentes "reafirmam total compromisso com o presidente Eurico Miranda à frente da diretoria administrativa. Os vice-presidentes do Vasco sempre entenderam que a unidade de ação é fundamental para que o clube supere as dificuldades criadas em passado recente." Veja, ao lado, fac-símile do documento.

Na verdade, Fernando Horta é o "plano B" de parte do campo euriquista, hoje dividido, que sonha em permanecer no poder exercendo um "euriquismo sem Eurico", pois em termos de métodos e mentalidade, Eurico e Horta são faces da mesma moeda.

Justamente por isso, Horta é um candidato viável e tem atraído inclusive aliados fiéis de Eurico, como o ex-vice-presidente de futebol, José Luiz Moreira, o Zé do Táxi, que financiou a última campanha de Eurico Miranda no Vasco e agora apoia Horta e a "renovação vascaína".

Como uma das promessas de campanha, Fernando Horta diz que se dedicará 100% ao Vasco, deixando inclusive a presidência da Unidos da Tijuca. O detalhe é que esta promessa não poderá ser cumprida integralmente, já que algum tempo ele terá que dedicar a se defender do processo movido pelo Ministério Público, que o acusa de desviar dinheiro que seria destinado ao carnaval do Rio, usando para isso sua vidraçaria. O processo pode ser consultado neste link - http://www5.mprj.mp.br/consultaPublica/, com o número MPRJ 2012.01102846.

Júlio Brant/Sempre Vasco

Júlio Brant foi a grande novidade da eleição passada no Vasco. Nome desconhecido no Clube, tinha como grande trunfo o apoio de Edmundo, ex-jogador e atual comentarista de futebol.

Lançada de última hora, sua chapa ao Conselho Deliberativo chegou em segundo lugar com 28,07% dos votos. Com isso, Brant saiu fortalecido como liderança e sua chapa teve direito a indicar os 30 nomes (entre eles o do próprio Brant) que representariam a oposição no Conselho deliberativo.

No entanto, Brant teve uma atuação apagada como líder da oposição no Conselho, inclusive se ausentando de discussões importantes. Também mostrou dificuldades em ser um líder aglutinador, tanto que ao longo do tempo não só não ampliou sua base de apoio como perdeu os três maiores grupos que deram sustentação a sua candidatura na eleição passada: Cruzada Vascaína, Vira Vasco e Desenvolve Vasco (ex-BNDES Vasco), que hoje integram a Frente Vasco Livre. Dos 29 conselheiros que foram eleitos com Brant para representar a oposição e que faziam parte de sua chapa, apenas 4 estão apoiando sua atual candidatura. Com o anúncio do lançamento de Fernando Horta, Brant vê ainda parte de um grupo de beneméritos que ensaiava uma aproximação com o seu grupo migrar para o plano B euriquista.

De qualquer forma, o capital político que Brant acumulou na última eleição não se perdeu completamente e ele continua um nome forte entre os sócios e a torcida.

Otto de Carvalho/Ao Vasco Tudo

Otto de Carvalho integrou o oposicionista Movimento Unido Vascaíno (MUV) em sua primeira fase, nos fins dos anos 1990, tendo depois aderido a Eurico Miranda, de quem se tornou um fiel cabo eleitoral. Eleito presidente do Conselho Fiscal pela chapa "Volta Vasco, Volta Eurico", anunciou o rompimento com seu ex-líder em maio deste ano. Desde então vem se dedicando a denunciar a gestão Eurico, tentando atrair oposicionistas e euriquistas insatisfeitos, no que ainda não logrou grande êxito.

A candidatura de Otto despertou, no início, em setores do clube, a suspeita de que este movimento faria parte de uma manobra do próprio Eurico visando dividir a oposição. Entretanto, a postura coerente do pré-candidato na vigilância em relação às manobras de indicações irregulares de beneméritos e grandes beneméritos e as ações das quais participou visando auditar a lista de sócios, mostraram que a ruptura foi real.

Conclusão

Diante de um cenário pulverizado e com várias candidaturas viáveis, o grupo Identidade Vasco propõe que as três candidaturas de oposição, Alexandre Campello, Júlio Brant e Otto Carvalho, realizem um ENCONTRO PRÉVIO DAS OPOSIÇÕES, em data a ser consensualmente definida, com dirigentes e apoiadores das três chapas, onde se busque chegar a um acordo sobre a melhor maneira de construir a unidade.

Grupo Identidade Vasco

O Vasco é a nossa Identidade

13 de setembro de 2017

Fonte: Facebook Identidade Vasco