Um século de integração racial e social no futebol
Na primeira semana de setembro de 1917, o semanário Vida Sportiva, publicava o primeiro registro fotojornalístico do futebol do Club de Regatas Vasco da Gama, para que fosse resgatado à memória vascaína, um século depois.
A foto mostra o scratch vascaíno em partida realizada a 2 de setembro de 1917 no campo da rua Campos Sales, onde o clube mandava suas partidas. O Vasco venceu o naquela oportunidade o Boqueirão do Passeio, seu co-irmão nas regatas, pelo placar de 3 a 0.
Eis a súmula do jogo:
"C.R. Vasco da Gama 3 x 0 C.R. Boqueirão do Passeio
Vasco: Nicolau Rickmann; Jayme Fernandes Guedes, Carlos Cruz, Manuel Antonio Baptista, João Lamego; Eudino Wulbert, Virgilio Pedro Fortes, Sebastiãno Bacellar; Amyres Tomassi, Raphael Guerrero e Antonio Silva.
Boqueirão do Passeio: Carlos Ribeiro; Virgilio Fedrighi, Luiz Prior, Jozias da Rocha Campos, Frederico Marinho Lizardo; Izidro Pedro; Benedicto Mesquita, Joaquim José da Silva; Salvador Monteiro, Antonio da Costa Faria e Manuel Furtado de Mendonça.
Juiz: Alfredo Alves da Silva.
Gols do Vasco: Amyres Tomassi (2) e Raphael Guerrero."
Na fotografia, percebe-se logo de início que o Vasco sempre permitiu a integração racial no quadro social e na prática futebolística, fundamento paradigma pelo qual o clube sempre primou e defendeu na prática desportiva como é de conhecimento público. Ainda mais naquele tempo, em que era requisito estatutário fosse o atleta sócio do clube na prática do esporte amador.
A camisa perdida
A camisa negra vascaína sempre foi o uniforme do clube desde a sua filiação à Liga Metropolitana de Sports Athleticos - LMSA, ocorrida em janeiro de 1916, como noticiado no jornal Gazeta de Notícias:
"MAIS UM CLUB QUE SE FILIA Á METROPOLITANA
Na secretaria da Liga Metropolitana deu entrada hontem á tarde um officio em que o Club de Regatas Vasco da Gama pede filiação águella liga.
O campo official do Vasco será o do Botafogo F. Club, á rua General Severiano, usando os seus jogadores o seguinte uniforme: calção branco, camisa preta com punho e golla brancos.
O campeonato da 3.ª divisão será portanto disputado este anno pelos sete seguintes clubs: S. C. Brasil, C. R. Icarahy, Ingá F. C., Paladino F. C., Palmeiras A.C., River F. C. e C. R. Vasco da Gama. ..." (Gazeta de Notícias - 29/01/1916 - grafia original da época)
Em nossas pesquisas, suspeitávamos que nos seus primeiros anos de prática futebolista, o uniforme vascaíno fosse diferente, o que se confirmou com este resgate da iconografia de época.
A principal diferença é a falta da meia carcela branca, pela qual ficou conhecida a segunda camisa negra vascaína, sendo a primeira inteiramente negra, tendo apenas os punhos e colarinho comprido brancos.
Estima-se que somente em 1919 o Vasco modificou seu uniforme, adotando o estilo com a meia carcela branca ligada ao colarinho como viria a ser conhecida a mais popular versão das camisas negras vascaínas.
*Nossos agradecimentos ao escritor e pesquisador vascaíno, Alexandre Mesquita que nos cedeu gentilmente a súmula da partida Vasco x Boqueirão
Fonte: Memória Vascaína