Nenê manda recado para a torcida: 'Pode esperar toda a nossa dedicação para que possamos deixar o Vasco no lugar onde merece'
O ano de 2017 para Nenê vem sendo diferente. De altos e baixos, reserva e titular, quase saídas e o fico. Até uma suposta briga com Milton Mendes, que deixou o cargo. Coincidência ou não, contra o Fluminense, sob o comando de Valdir Bigode, o meia voltou a ser o que todos esperam. Atuação crucial, alegria, liberdade para jogar e, quem sabe, o marco do ressurgimento daquele que foi o principal jogador do Cruz-Maltino durante os últimos dois anos.
Entre toda a polêmica depois do pedido de sair, o afastamento e depois a reintegração, Nenê bateu um papo exclusivo com o Esporte Interativo. Em dez respostas, o meia do Vasco abriu o jogo sobre a relação com Milton Mendes, o motivo de não gostar de ser substituído, Zé Ricardo e prometeu até "xingar" Gustavo Scarpa na brincadeira. Falou de um novo "vício" com Neymar e fechou com um 'sonho' que tem com o Cruz-Maltino. Confira:
EI: Nenê, como foi a sensação de retornar ao time titular e ainda fazer uma boa partida?
"Cara, foi muito bom. Poder estar voltando ao time em um momento importante, que a gente precisava dos três pontos. Um clássico, que é sempre bom você ganhar, então, ter feito um jogo como eu fiz e nós termos conquistado a vitória, creio que foi o mais importante para todos. Muito feliz, deu tranquilidade para trabalhar essas duas semanas".
EI: Milton Mendes te fez elogios, mas disse que você não gostava de ser substituído. Existia mesmo algum problema com ele?
"Assim, não era nem problema com ele. É que eu não gosto de sair mesmo (risos). Eu gosto de estar ali, ajudando, me sentindo útil. Sou muito competitivo. É simplesmente isso. Não tem nada a ver com o Milton, expliquei com ele quando estávamos juntos. Aconteceu contra o Santos da última vez, mas não é nada pessoal. Faltavam cinco minutos para acabar. Na minha cabeça, nosso time estava com um a mais, jogando em casa, pressionando os caras. Mas mesmo assim eu fui errado de ter balançado a cabeça. Eu poderia não gostar, mas isso é uma coisa normal. A gente tinha a chance de sair ganhando. Não foi nada com o Milton. Até pedi desculpas porque eu reclamei. Eu deveria ter chegado e conversado com ele. Não reclamado".
EI: Sobre essas duas semanas de trabalho, a novidade foi Zé Ricardo. O que você viu do novo comandante?
"Assim, foi pouco tempo, mas é um cara que parece que não fala, mas dentro do treinamento ele fala bastante. Bem legal, bem bacana. O que ele mais demostrou é que ele trabalha muito por setor. Trabalhos dentro do grupo, mas muito setorizados. Todo mundo junto, mas usava um trabalho específico por setor: de posse de bola, da defesa, do ataque e do meio. Então acho que essa, a princípio, foi a principal diferença".
EI: O Milton Mendes te colocou como meia esquerda, quase como um ponta. Você acredita que vai precisar mudar seu posicionamento com o Zé Ricardo?
"Creio que não. Creio que vai ser da maneira que foi no último clássico, pelo que tem parecido. E foi muito bom para mim, realmente ali é minha posição, e eu tive mais liberdade e fôlego para fazer as jogadas de ataque, então, graças a Deus creio que deu muito certo, tive chances de fazer o gol, espero que seja assim, da maneira que foi o último jogo".
EI: E aquele 'quase gol' de calcanhar? Cobrou o Gustavo Scarpa?
"Foi uma pena (não ter feito o gol de calcanhar). Depois eu vou até xingar o Scarpa (risos) porque ele que tirou. Acho que o goleiro não ia pegar, não... ele imaginava que eu ia girar ou tocar para alguém, e foi no reflexo. Eu creio que ia ser gol".
EI: No próximo jogo, contra o Grêmio, vocês voltam a São Januário, mas sem torcida. O que representa?
"Creio que é fundamental, né, nossa casa, nossa história, o Caldeirão eu creio que vai ser diferente desse problema que teve. Realmente foi uma pena, é muito difícil, mas eu creio que a torcida, do jeito que eles são, estão com a gente e vão para o entorno, isso vai dar uma motivação muito grande para que a gente conquiste um bom resultado contra o Grêmio".
EI: Você é um dos caras mais experientes, não só pela idade, mas pela bagagem que tem durante a sua carreira. Como é a relação com os garotos que lá estão?
"Eu tento ser o maior exemplo bom possível. Então, assim, dentro do trabalho, no dia a dia, nos treinos, nas atitudes, claro que ninguém é perfeito, mas eu fico feliz porque muitos ali sempre me elogiam, então para mim é um prazer. E isso é até uma coisa estranha (risos), porque até 'ontem', eu era o mais novo do time. As coisas passam muito rápido, então a gente tenta cada dia demonstrar e ser um exemplo. É uma responsabilidade muito grande, mas tento fazer todas as coisas que a comissão pede, mostrar um bom exemplo para eles. Com a qualidade que eles têm, o céu é o limite".
EI: Agora conta essa história de CS:GO. Teve até comemoração 'plantando a C4'. Foi o Neymar mesmo que te apresentou o jogo?
"Pior que foi (o Neymar que apresentou). A gente estava na casa dele ano retrasado. Na primeira vez, a gente tinha jogado futevôlei e ele me disse: 'vamos para o CS'. Aí eu: 'CS? Que negócio é esse, cara (risos)'. Ele, os amigos dele, o Chris, até o Medina tava no dia também. É muito viciante, difícil, mas é muito fera. Cinco contra cinco, na resenha, a gente zoava muito. Aos poucos eu fui aprendendo e agora eu jogo direto. Tem o pessoal do Vasco que joga também, mas eu jogo mais com eles, o pessoal todo lá, estamos no grupo da SK (equipe profissional de gamers) também, Valdívia (do Atlético-MG) gosta muito também, até o Otávio (Neto, narrador e apresentador do EI Games, do Esporte Interativo). É bem legal, tem que pensar muito, o jogo é muito tático e eu gosto bastante".
EI: Se você pudesse deixar um recado para a torcida do Vasco, qual seria?
"Pode esperar toda a nossa dedicação para que possamos deixar o Vasco no lugar onde merece. Ir em busca dessa vaga na Libertadores porque time para isso nós temos. Elenco nós temos. Precisamos mudar muitas coisas, mas o time é bom. Não era culpa só do treinador. Temos que frisar. É culpa de todos nós. E acabou trocando. Isso, naturalmente, já mexe com a nossa cabeça e a gente fala: 'Opa, o que está acontecendo?'. Então, foi uma coisa que vai realmente nos 'acordar'. Tem que falar um para o outro: 'Se a gente não der tudo e 100% durante o jogo todo, não vai dar certo'. Com certeza eles podem esperar toda a dedicação para que essa vaga tão sonhada na Libertadores possa chegar".
EI: E se a vaga chegar, fica pro ano que vem?
"Aí não tem nem conversa (risos). 'Vamo que vamo!'"
Fonte: Esporte Interativo