Jornalista Thiago Correia fala sobre o seu livro 'Monumental - O Vasco de 1997 a 2000', que será lançado nesta 4ª-feira
Quarta-feira, 06/09/2017 - 00:40
O período de algumas das principais conquistas da história do Vasco será registrado em livro. Nesta quarta-feira, o jornalista Thiago Correia lança um trabalho sobre a vitoriosa equipe cruz-maltina entre 1997 e 2000, que conquistou dois Campeonatos Brasileiros, uma Libertadores e uma Copa Mercosul.

O livro segue em ordem cronológica o desenrolar de quatro anos de glórias para o Vasco. Começa num momento ainda conturbado e vai até a glória da Mercosul. Para o autor, o então técnico Antonio Lopes é o principal responsável pela geração que marcou história.

- Ele não é um personagem tão valorizado pela torcida. Quando chegou, em 1996, o Vasco já tinha alguns jogadores, como Ramon, Juninho, Pedrinho, Edmundo. A grande sacada foi fazer as contratações certas: Mauro Galvão, Evair, Válber – opinou Correia.

No livro, o jornalista entrevistou cerca de 60 personagens daquela época. O principal desfalque é o de Romário, atual senador, peça-chave nas conquistas de 2000.

Confira entrevista com o autor:

GloboEsporte.com: Como surgiu a ideia do livro?

Thiago Correia: Minha ideia inicial há um ano e meio, dois anos, era fazer a biografia do Edmundo. Mas não foi adiante. Na mesma época eu estava lendo um livro sobre o Botafogo de 1995. Veio aquele estalo. Não tem nenhum registro do Vasco na época mais vitoriosa do clube, época que merecia ser registrada. Alguns vascaínos mais novos não conheciam a história, ficavam perguntando sobre esses jogadores. Comecei a correr atrás.

Como você estruturou o livro para contar esta história?

Eu quis valorizar muito a visão de quem estava lá. Jogadores, treinadores. Com a diretoria, falei apenas com o Isaías Tinoco. O foco é em quem contribuiu diretamente. Conto no livro em ordem cronológica. Respeitei muito minha formação como jornalista. Muita entrevista e contando as histórias. A grande dificuldade mesmo foi encontrar os jogadores. Foram mais de 60 entrevistas. A partir disso, com a pesquisa dos jornais da época mais entrevistas, escrevi o livro.

A que você credita o início desta época áurea do Vasco?

O início é muito através de um personagem que nem é tão valorizado pela torcida, o Antônio Quando chegou em 1996, com o Vasco quebrado, sem grana, já tinha alguns jogadores ali, como Ramon, Juninho, Pedrinho, Edmundo. A grande sacada dele foi, em 1997, depois de perder o Estadual, fazer as contratações certas: ele trouxe Mauro Galvão, Evair e Valber. Jogadores experientes, muito vitoriosos e baratos. Mauro já estava na fase final da carreira no Grêmio. Valber pouca gente apostaria. Evair era um craque, mas estava há muito tempo no Japão e fez um semestre muito ruim no Atletico-MG.

Sem querer comparar esses treinadores, é mais ou menos o que o Guardiola sofria no Barcelona. Teve Messi, Xavi e Iniesta, mas pouca gente lembra que ele abriu mão de Ronaldinho Gaúcho e Deco e deu moral para jogadores. O ponto de partida foi isso: inteligência de trazer um cara que sabe muito de futebol e conhece o Vasco como poucos.

Conseguiu descobrir alguma história de bastidores pouco conhecida?

Uma é o Maricá comentando que quando estava subindo ainda, de 17 para 18 anos, o Vasco fez viagem pra Europa e ia enfrentar o Atlético de Madrid. Maricá era novo ainda, eles estavam saindo do hotel da concentração para o jogo, e o Edmundo, já dono do time, tinha esquecido o agasalho dele. No ônibus ele bateu no ombro do Maricá e falou: "Ô, juvenil, vai buscar o casaco". E o Maricá: "Não vou não". Edmundo se levantou, pegou o casaco e disse algo como "você está ferrado na minha mão".

No jogo, em determinado momento, o Maricá estava no chão. O Edmundo foi lá em cima dele e deu um bico no Maricá. Rapidinho chegou a turma do deixa-disso. E o Maricá fala disso sem mágoa.

Por que você acha que este período de vitórias não se estendeu por mais tempo?

O que acaba sendo o ponto definitivo para aquela geração é o gol do Petkovic (na final do Campeonato Carioca de 2001, contra o Flamengo). Foi um balde de água fria. Nos anos anteriores o time era campeão de Libertadores, ia para o Mundial, mas não conseguia ganhar do Flamengo no Estadual. Foi quando surgiu aquele estigma do vice, depois desse vice em 2001 o time começa a se desarrumar. Os jogadores vão embora. O Vasco não teve fôlego financeiro para continuar neste mesmo ritmo.

Serviço:

Livro: Monumental - o Vasco de 1997 a 2000
Editora: Multifoco / Drible de Letra
Data: 6 de setembro
Local: Multifoco Bistrô (Avenida Mem de Sá 126, Lapa, Rio de Janeiro)
Horário: 19h a 22h





Fonte: GloboEsporte.com