Confira semelhanças e diferenças entre Zé Ricardo e Milton Mendes
Quinta-feira, 24/08/2017 - 08:12
O Vasco tem novo comando. Após o jogo contra o Fluminense, no sábado, Zé Ricardo vai começar a efetivamente implementar seu trabalho. Sai o estilo mais brincalhão e sorridente de Milton Mendes e entra um treinador com jeitão mais sério, discreto e de sorriso tímido. Mas os dois técnicos também têm características em comum.

Os jogadores cruz-maltinos já se informaram sobre Zé Ricardo, e, ao que parece, o técnico é unanimidade no quesito expectativa positiva.

- Tenho referências muito boas. Não teve uma pessoa que falou mal dele - disse o lateral Ramon.

- Procurei saber. O Zé Ricardo é um cara do bem, isso conta muito - afirmou o zagueiro Paulão.

Confira a comparação de estilos:

Sistema de jogo

Zé Ricardo: na maior parte do tempo no comando do Fla, Zé Ricardo utilizou dois pontas com Guerrero na posição central de ataque. No Vasco, não é difícil de imaginar que Luis Fabiano seja o seu "novo Guerrero". O desafio talvez seja encontrar os pontas ideais.

Com elenco forte, Zé variou de um 4-2-3-1 para um 4-1-4-1. Usava Márcio Araújo, que lhe rendeu muitas críticas, e William Arão ora lado a lado, ora com o camisa 8 do Flamengo bem fixo. Poucas vezes tentou encaixar um meia mais hábil recuado, como seria o caso de Mancuello.

O time comandando por Zé teve, na maioria das vezes, um bom sistema defensivo que sofria poucos gols. Depois de uma bela arrancada no Brasileiro do ano passado, o "pecado" da equipe rubro-negra foi, diante de tantas opções, converter em gols as chances criadas. A partir de um momento, com a pressão forte sobre Zé, o time também criava menos e sofreu mais gols - principalmente em contra-ataques.

Milton Mendes: este é um ponto em comum entre Zé Ricardo e o antigo comandante cruz-maltino, que na maior parte do tempo também utilizou o esquema 4-2-3-1 para montar sua equipe. Sempre que pôde ele também optou por utilizar um volante marcador (Jean) e outro com melhor saída de bola (Douglas e Bruno Paulista). Em sua última partida pelo Vasco, a derrota para o Bahia, Milton utilizou uma formação com três zagueiros, mas que, diante do desempenho ruim do time, foi mudada já no intervalo.

Comando dos treinos

Zé Ricardo: sempre - ou quase sempre - atividades fechadas. Com bastante campo reduzido. Zé Ricardo é adepto da escola portuguesa, que usa a chamada periodização tática. Jogos curtos em setores do campo, sem "abrir" muito as quatro linhas. Privilegia esse tipo de treino, sempre com intensidade forte - era comum vê-lo cronometrando as atividades e pedindo muita concentração a todos jogadores - aos fundamentos, embora também faça, claro. Usou muitos jogos-treinos para colocar jogadores em atividade no Flamengo.

Milton Mendes: no Vasco, apenas um treino não foi fechado em São Januário este ano. O antigo treinador ficou conhecido por comandar atividades bastante exigentes e às vezes bem longas, com bastante ênfase na parte tática. Uma curiosidade é que muitas vezes ele dividia o grupo em dois utilizava dois campos, o anexo e o principal. Milton prezava pelo estilo enérgico, quase militar, também nos treinos. Não permitia que os atletas, por exemplo, se sentassem nos intervalos.

Relação com o elenco

Zé Ricardo: o tempo todo foi muito defendido pelos atletas - durante a pressão mais forte e depois da demissão, com mensagens públicas de vários atletas. Prezou pelo bom relacionamento com os principais jogadores do elenco, embora tenha tido contratempo com Dario Conca.

Para algumas pessoas que o GloboEsporte.com ouviu, porém, faltou mais energia na cobrança do grupo. Por ser o primeiro grupo profissional, a inexperiência, certo receio também, neste caso, pesou. Mas foi sempre querido dentro do clube.

Milton Mendes: este tema foi uma polêmica constante em sua passagem. Apesar de garantir que sempre se deu bem com os atletas, houve casos de divergências - não necessariamente discussão - com alguns deles, como Rodrigo, Nenê, Madson e Manga Escobar. Ao contrário de Zé Ricardo, Milton é visto como um treinador que cobra bastante - às vezes em excesso.

Alternância de jogadores

Zé Ricardo: por ter elenco grande e homogêneo no Flamengo, chegou a fazer rodízio nas laterais e, com menos intensidade, no meio de campo. No ataque, conforme iam chegando reforços, tentou adaptá-los na equipe.

Milton Mendes: na maioria das vezes por necessidade, o treinador mudou muito a equipe durante sua passagem. No Brasileiro, foram 18 escalações diferentes em 21 rodadas. Alguns atletas se incomodaram com o fato de ele às vezes tirar um titular e nem colocar na relação da partida seguinte, e também ao contrário - colocar um jogador que não tinha sido relacionado antes para ser titular na rodada seguinte.

Uso de jogadores da base

Zé Ricardo: no Flamengo, uma das críticas que sofreu também foi por não usar alguns garotos mais vezes. Léo Duarte, Ronaldo e Paquetá eram alguns dos mais pedidos pelos torcedores, mas o peso de elenco estrelado e em competições com alta responsabilidade diminuiu, digamos, as "experiências" no time rubro-negro.

No Vasco, o elenco tem menos opções e ele terá que, obrigatoriamente, usar os garotos da base. A vantagem de Zé Ricardo é que ele conhece bastante os jogadores por toda trajetória na base.

Milton Mendes: em um misto de necessidade e opção, o técnico lançou alguns atletas para rejuvenescer e dar mais velocidade ao time. Paulo Vitor, Paulinho e Bruno Cosendey foram incorporados ao profissional, e ele também deu chances a outros que já haviam subido, como Andrey e Evander. Mateus Vital foi um dos que mais jogou no ano. Milton conseguiu diminuir a média de idade do time, o que era alvo de crítica anteriormente.



Fonte: GloboEsporte.com