Jogadores teriam comemorado demissão de Milton Mendes; confira os bastidores da saída do técnico
Terça-feira, 22/08/2017 - 09:49
A entrevista coletiva na segunda-feira ao lado do presidente Eurico Miranda, do vice de futebol Euriquinho e do diretor Anderson Barros decretou o fim da passagem de Milton Mendes no Vasco. Apesar da demissão, justificada pelos recentes maus resultados, o técnico ouviu elogios. Foi uma amostra de que ainda gozava de certo prestígio com a direção, mas, apesar de relutar quando abordado sobre este assunto, o treinador teve muitos problemas de relacionamento no clube. Discretamente, através de mensagens em redes sociais entre jogadores e funcionários, sua saída foi comemorada.

O estilo de Milton Mendes foi motivo de atrito com o elenco inicialmente por causa da carga de trabalho. Luis Fabiano foi um dos que se incomodou. A diretoria, no entanto, viu aspectos positivos, já que entendia que poderia servir para tirar alguns atletas da "zona de conforto".

O churrasco que ninguém quis ir

Um caso que ficou famoso internamente simbolizou a relação dos jogadores com o comandante. Milton Mendes ficou sabendo que alguns atletas, a maioria os mais jovens e alguns que não vinham sendo relacionados constantemente, combinaram um churrasco na casa do meia Andrezinho. O técnico ficou sabendo e entendeu como um possível encontro de insatisfeitos para "derrubá-lo". Então, através do grupo de whatsapp, Milton marcou seu próprio churrasco para o dia seguinte, uma folga. Por falta de quórum, no entanto, o evento foi cancelado. Ficou só o constrangimento.

Atrito com Rodrigo e Nenê

O zagueiro Rodrigo pouco trabalhou com Milton Mendes, mas ele entendeu que o técnico foi o principal causador da sua saída. Já existia, no entanto, um movimento no clube para diminuir a influência que ele tinha internamente. Os empurrões em Milton Mendes após o jogo entre a Ponte e o Vasco mostraram em que ponto a relação chegou.

Outro medalhão que cruzou o caminho do comandante foi Nenê, que desde o início do ano mostrou que via com bons olhos uma saída do clube. O meia acabou sendo barrado no início do Brasileiro, perdeu espaço e teve indisciplinas que feriram a cartilha de Milton. No auge da crise, o veterano pediu rescisão de contrato, mas a oferta que ele imaginava não chegou. Depois de muita conversa, ele acabou reintegrado e ficou no banco de reservas contra o Palmeiras.

Tanto no caso Rodrigo quanto no caso Nenê a diretoria se posicionou do lado do treinador e lhe deu apoio até o fim.

Mas houve atritos com outros jogadores:

Rafael Marques: o zagueiro foi um dos que teve problemas em se adaptar com a carga de treinos, e em alguns momentos perdeu espaço.

Manga: o colombiano foi cobrado pelo treinador durante um treino e retrucou. Acabou nem relacionado para o jogo seguinte, contra o Coritiba.

Madson: durante o intervalo de um treino em Pinheiral-RJ, o lateral-direito sentou no local onde as águas são armazenadas. Milton Mendes o repreendeu porque não permite que os atletas sentem durante as atividades. Madson rebateu e gesticulou. Depois disso, não foi mais relacionado. Muitas pessoas consideraram que a atitude do treinador seria diferente se envolvesse um atleta mais "cascudo", como Luis Fabiano ou Martín Silva.

Escalações diferentes a cada rodada

Em 21 rodadas do Brasileiro, Milton Mendes utilizou 18 formações diferentes. Em muitos casos, ele treinava um time e em cima da hora mudava de ideia, o que desgastou muitos atletas. Outro fator que causou descontentamento com o elenco foi o fato de ele, por exemplo, tirar um titular do time e nem relacioná-lo na partida seguinte. E algumas vezes colocar entre os 11 um jogador que nem estava na relação na rodada anterior.

Três preparadores físicos em cinco meses

Dentro da comissão técnica também houve polêmica. Milton Mendes chegou ao Vasco com o preparador físico Flavio Trevisan, que, depois de discordâncias, deixou o clube. Fabio Ganime, então auxiliar, assumiu o posto. Mas não por muito tempo. Ele voltou a ser auxiliar e Gustavo Lázaro passou a ser o preparador. Este teve um bom relacionamento com o treinador.



Fonte: GloboEsporte.com