Magic Fúlvio, maestro ou garçom. Até então, esses eram os três apelidos para tratar o armador Fúlvio Chiantia. Mas, na seleção brasileira de basquete, ele também pode ser chamado de professor. Ao acompanhar um treino da equipe em Pindamonhangaba, interior de São Paulo, entende-se o porquê. O camisa 11 conversa bastante com os companheiros, ajuda a orientar o posicionamento do time... Faz realmente o papel de um guia e cumpre o que dele se espera.
Aos 36 anos, Fúlvio é o mais velho do grupo que se prepara para a Copa América, a ser disputada na Colômbia, a partir do dia 25 deste mês. A Seleção chega renovada no torneio. Nenhum atleta que esteve na Olimpíada de 2016 foi convocado. O time tem média de idade de 24 anos e Fúlvio foi chamado para ter o papel não só de armar a equipe, como também de guiar os mais novos.
A função é aceita com entusiasmo pelo armador, contratado recentemente pelo Vasco da Gama. Feliz por ter sido convocado para a Copa América, destaca que quer dar protagonismo aos mais novos e compartilhar a experiência que carrega.
– Falo bastante, principalmente com os armadores. O principal é ter esse elo, essa comunicação. Tudo o que podemos ajudar, passar um pouco... Vou fazer de tudo para que eles peguem um pouco de bagagem, peguem os atalhos e antecipem um pouco. A minha geração bateu muita cabeça para aprender um pouco basquete. Esse intercâmbio entre os mais jovens e mais velhos ajuda bastante eles pegarem esses atalhos e alcançarem a maturidade naturalmente – disse o atleta, líder em assistências da história do NBB, com 1.666 se somadas todas as edições que participou.
Com exceção de Fúlvio, os outros armadores da Seleção são jovens: Alexey (21), Arthur Pecos (22), Davi Rossetto (25) e Georginho (21). Dos 19 atletas que compõem o grupo, apenas sete tem mais de 25 anos e estão acima da média do time: Fúlvio (36), JP Batista (35), Rafael Mineiro (29), Arthur Bernardi (27), Jimmy (27), Renan Lenz (26) e Davi Rossetto (25).
"O Fúlvio vai ser importantíssimo dentro e fora de quadra. Ele fala bastante com os meninos. Vamos passando os sistemas táticos, e o Fúlvio vai posicionando, dando sugestões. Ele tem ajudado bastante" (César Guidetti, técnico da Seleção)
A nova geração é elogiada por Fúlvio. O jogador destaca que, apesar de jovens, muitos já assumem papéis importantes nos clubes em que jogam. Por isso, confia em um bom desempenho do time na Copa América.
– Eles são fantásticos. Esse intercâmbio que existe hoje em dia, com a tecnologia, com todos os equipamentos... A genética já está ajudando bastante eles, o tipo de treinamento, a quadra é adaptada. É uma geração que tem tudo de mão beijada, entre aspas. Só basta eles desempenharem um bom trabalho. Eles têm muito potencial, seja físico, capacidade técnica, tática... É só eles serem bem lapidados que não tenho dúvida que o Brasil vai estar no topo em médio e longo prazo – comentou o armador.
O professor Fúlvio prega respeito na sala de aula. Se os pupilos não seguirem as orientações direitinho, tem castigo. E ser alvo das brincandeiras dos garotos? Está liberado?
– Jamais. A gente não permite isso (risos). Até por ser mais velho, tem uma hierarquia. A gente que sacaneia bastante eles. Pode ver que tem bastante jogadores pagando flexões aí porque não aceito que dê airball nos treinos (risos). Deu airball, vai pagar dez e ficar pelo menos forte para aguentar os trancos nos campeonatos – diverte-se o armador.
O estilo linha dura, como o próprio jogador demonstra pelos sorrisos, é só da boca pra fora. Quem convive com Fúlvio, destaca outros traços da personalidade do jogador. O armador Georginho, que está de malas prontas para jogar nos EUA após se destacar com a camisa do Paulistano, é um dos que tem aprendido com o jogador na seleção brasileira.
– Ele sempre conversa com todos os armadores. É o cabeça da Seleção. Até quando vamos jogar contra, ele conversa bastante com os armadores novos. É um grande mentor. Tento me espelhar bastante nele. É um dos melhores armadores da Liga faz um bom tempo já – destacou Georginho, que vai assinar contrato com o Houston Rockets e deve atuar na Liga de Desenvolvimento pelo Rio Grand Valley Vipers.
Fonte: GloboEsporte.com