Frase do técnico Marcelo Bielsa e números ajudam a explicar jejum de gols do Vasco
Sabem qual é meu trabalho defensivo? Corremos todos. O trabalho de recuperação tem cinco ou seis pautas e tchau, se chega ao limite. O futebol ofensivo é infinito, interminável. Por isso é mais fácil defender que criar. Correr é uma decisão da vontade; criar necessita do indispensável requisito do talento.
A frase acima é de Marcelo Bielsa, um técnico apelidado de El Loco por, entre coisas, ser um obcecado pelo ataque. Guardadas as devidas proporções, ela se aplica bem ao atual momento ofensivo do Vasco. O time não faz gol há três rodadas e terminou o primeiro turno com 21 marcados, o quinto pior desempenho do Campeonato Brasileiro.
O que Bielsa tem a ver com Milton Mendes? Ideologicamente, pouco. Eles possuem concepções diferentes de futebol. Mas, na negação do argentino está o ponto forte do trabalho do brasileiro. Por isso, é possível entender por que o Vasco cria tão pouco.
Os números
O GloboEsporte.com detalhou todos os gols marcados pelo Vasco no Brasileiro. Nele é possível tirar conclusões interessantes: a maioria deles saiu em lances de contra-ataque ou bola parada (11) do que em jogadas criadas (10).
O artilheiro ainda é Luis Fabiano, com cinco gols, apesar de o Fabuloso não jogar há sete rodadas. O principal garçom é Nenê, com três assistências - e ele não entra em campo há quatro partidas. Confira no infográfico abaixo algumas estatísticas e entenda o caminho do Vasco para os gols.
Um Vasco de contra-ataque
Milton é adepto de um futebol de transições rápidas, aproveitando os espaços deixados pelo time que propõe jogo. É o modelo que faz sucesso neste Brasileiro e tem no líder Corinthians seu expoente máximo. No Vasco, porém, a ideia está em processo de assimilação, como o treinador gosta de dizer. São quatro meses de trabalho e alguns ajustes a fazer.
Sem plano B
A principal lacuna, até aqui, é a falta de um plano B. O Vasco é montado para contra-atacar. Se toma um gol no início do jogo - como aconteceu em cinco partidas -, não tem alternativa. Desmorona taticamente e tenta se recuperar muito mais no ímpeto que nas ideias. Mas criar é mais difícil que defender.
O grande mérito de Milton quando chegou foi organizar a equipe e dar consistência defensiva. Na teoria de Bielsa, isso seria o básico, o caminho mais curto para montar um time competitivo - algo que o técnico do Vasco alcançou.
Os números de gols sofridos são altos, mas a impressão é que são fruto também da falta de poder ofensivo - a goleada sofrida para o Corinthians, em contra-ataques letais, é um bom exemplo.
Entrosamento
Para atacar, porém, é necessário talento. E, como consequência, entendimento entre os jogadores. O elenco cruz-maltino é repleto de jovens promissores e jogadores de bom currículo - ou seja, o problema não é falta de talento -, mas mudou muito do início da campanha para cá - basta ver que nomes como Luis Fabiano e Nenê estão há um tempo fora. Isso prejudica o time, mas é causado por diversos fatores: lesões, suspensões, contratações e escolhas do treinador.
Em busca de um segundo turno mais produtivo, o Vasco volta a treinar na tarde desta terça-feira, em São Januário. O time enfrenta o Palmeiras no próximo domingo, às 16h (de Brasília), no estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda.
Fonte: GloboEsporte.com