Vasco é o clube do RJ com mais protestos em cartórios, mas Fluminense tem maior valor cobrado
Quinta-feira, 03/08/2017 - 04:47
O Vasco é o líder em acusação de calotes no Rio de Janeiro e segundo colocado no ranking que engloba todos os 12 grandes clubes do Brasil. Com mais de 70 protestos em cartórios, o clube cruzmaltino tem dívidas com empresas de pneus, fogos de artifício, produtos de limpeza, contêiner, débitos em farmácias e até pela compra de extintores.

Já o Botafogo tem débitos registrados por fornecedores que vão desde reciclagem em lixo a dívidas com tribunais de Justiça cariocas, enquanto o Flamengo é cobrado por serviços de lanchonete, segurança e vigilância. O Flu é o que tem o menor número de protestos, mas o de maior valor: quase R$ 1,5 milhão de um clube da Bahia.

Isso tudo é o que mostra vasto levantamento do ESPN.com.br junto aos quatro tabelionatos do Rio de Janeiro, feito dois meses após pesquisa da reportagem em São Paulo que revelou como o Corinthians virou o "campeão brasileiro de calotes".

Na ocasião, foi mostrado que o Corinthians é o "campeão" dos protestos entre os 12 grandes clubes brasileiros, com 89 registros - uma nova pesquisa da reportagem nesta segunda-feira mostrou que o clube paulista aumentou para 94 protestos.

O Vasco é o vice-líder dessa lista, com 72. O São Paulo é o terceiro, com 29. O Botafogo tem 25, o Flamengo vem com 22, o Grêmio tem cinco, o Palmeiras dois e o Internacional só um, enquanto Santos, Cruzeiro e Atlético-MG não estão com nenhum registro.

Vale explicar que cada protesto representa uma ação de um portador de um título comercial que não teve efetuado seu pagamento dentro do prazo, garantindo assim seu pagamento por ações judiciais.

VASCO DA GAMA

No caso do Vasco, são pequenas dívidas com fornecedores datadas desde o ano de 2012 que até hoje não foram quitadas, e por isso deixam o clube com certidão positiva de protestos.

A grande maioria é de valores com apenas três dígitos de cobrança - como alguns registros da Multimodal pelo fornecimento de contêineres. A empresa alega 22 calotes, metade de R$ 514 e outra parte de R$ 686. Eles são dos anos de 2013 e 2014.

Outros valores irrisórios são com uma empresa de pneus chamada Conde de Leopoldina. Ela reclama por R$ 337, R$ 140, R$ 671 e R$ 925,34, por serviços feitos em 2012.

Chama a atenção uma cobrança pela aquisição de fogos de artifício junto à Piroex Eireli, de Belo Horizonte, pelo valor de R$ 2,9 mil. A distribuição desse protesto foi em 24 de novembro de 2014, 13 dias depois de Eurico Miranda confirmar vitória na eleição presidencial do clube e apenas dois dias após o Vasco empatar com o Icasa e confirmar retorno à Série A.

Somente um entre os 72 registros vascaínos supera a casa dos R$ 10 mil.

É uma dívida - também de 2012 - de R$ 13.698,50 com uma empresa chamada Suellen Costa Service e localizada em Bonsucesso. Na Receita Federal, é informado que o negócio é do ramo varejista, com serviços de pintura de edifícios em geral. Essa mesma empresa possui outros dois protestos contra o clube, por R$ 320 e R$ 810.

A gestão Eurico Miranda também possui calotes registrados. Por exemplo, algumas reclamações da RFF de Oliveira Construtora, que compreende serviços de chapisco, emboço e reboco, acabamentos de construção, instalação de toldos e outros. Essa empresa cobra R$ 1,8 mil desde agosto do ano passado.

A SMDay também reclama da gestão de Eurico Miranda quatro cobranças: R$ 2.326,50, R$ 480,50, R$ 2.381 e R$ 1.280. A empresa fornece produtos de limpeza, segundo constam registros na internet e no tabelionato. A SMR Clean Distribuidora, também de produtos de higiene, registrou dívida de R$ 1,671. Ambas são de protestos de 2015, assim como a Bioxxi, de esterilização, que pede R$ 500.

Outro estabelecimento que aparece bastante entre os calores cruzmaltinos é de um estabelecimento chamado Drogaria Londres. São oito protestos de R$ 761,78, R$ 1.939,46, R$ 819,56, R$ 1.642,23, R$ 573,67, R$ 2.412,88 e R$ 648,03 e R$ 1.193,08. Juntos, eles totalizam aproximadamente R$ 10 mil.

Procurado desde a última quinta-feira, o Vasco não quis se manifestar.

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BOTAFOGO

No Rio de Janeiro, o Botafogo vem logo atrás do Vasco com 25 protestos registrados, contra 22 do Flamengo.

Tanto Bota quanto Fla possuem registros de cobranças da Koleta Ambiental, especialista em coleta de resíduos e reciclagem. São quatro protestos de 2014 contra o time alvinegro, que somados alcançam R$ 15 mil. A equipe rubro-negra tem um registro mais recente, de 2017, de exatos R$ 8,052.89.

O Botafogo tem algumas reclamações do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. São cinco cobranças que variam entre R$ 400 e R$ 1,3 mil. No total, quase R$ 4 mil em discussão com o Poder Judiciário carioca.

Outro protesto de valor alto é da Mazars Auditores Independentes, que realiza serviços de auditoria. Em 2015, a empresa registrou a cobrança de R$ 80.523,30 junto ao 2º tabelionato do Rio de Janeiro.

A Advanced Nutrition, do setor alimentício, tem quatro protestos contra o Botafogo, na casa dos R$ 7 mil, todos eles de 2014. Já a Fire Out, especialista em equipamentos de incêndio, cobra R$ 1,750 mil pelo fornecimento de extintores e materiais parecidos feito há quatro anos.

A Casa das Letras, de comunicação visual, tem protesto de somente R$ 100 feito no mesmo ano. Já a cobrança da Refricesso, da área de refrigeração, é da mesma época, de R$ 490, enquanto a importadora Star Printer alega não ter recebido R$ 2,3 mil em 2014.

A Fazenda Nacional também registrou quatro protestos. Somados, eles totalizam aproximadamente R$ 500 mil.

Procurado, o Botafogo afirmou: "O Botafogo de Futebol e Regatas esclarece que, no tocante às dívidas tributárias, estão todas incluídas no Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro - PROFUT e, portanto, foram protestadas indevidamente pela Fazenda Nacional. No que diz respeito aos demais fornecedores, as dívidas foram contraídas pela gestão passada e, à medida que os fornecedores têm nos procurado, estamos firmando acordo para quitá-las".

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FLAMENGO

O Flamengo tem vários protestos de uma distribuidora chamada Kit Club, que fornece materiais esportivos e tem capital social de apenas R$ 20 mil. Os registros são todos recentes, do mês de junho deste ano. São protestos que variam entre R$ 41,1 mil e R$ 6,34 mil. Somados, eles alcançam cerca de R$ 140 mil e estão distribuídos entre três dos quatro tabelionatos do Rio de Janeiro.

A maior cobrança individual contra os rubro-negros é da empresa Maurício Constantino: R$ 58 mil. Ela vem de 2013, em polêmica pela aquisição de um placar eletrônico herdado do time de futebol de praia do Flamengo. Na época, o clube descobriu que o equipamento custava R$ 50 mil a menos do que era cobrado pelo fornecedor, e a discussão dura até hoje.

A Locanty registrou protestos de valores parecido, no mesmo ano. A firma especializada em serviços de segurança e vigilância quer receber três vezes a quantia de R$ 56.712,92, o que totaliza aproximadamente R$ 170 mil.

Também existem protestos em valores menores junto ao CNPJ rubro-negro. A Polimix, do ramo de concreto, registrou cobrança de R$ 2,3 mil no ano passado. Já a Duet, de implantes, pede R$ 6 mil desde 2013. A Lanches Bel Rio, lanchonete localizada no bairro do Flamengo, registrou calote de R$ 4,111 há quatro anos. A WM Ramos, de construção, R$ 400, além de R$ 101,8 de uma microempresa de artigos esportivos.

Já o time rubro-negro afirmou que "o Flamengo, como qualquer clube ou empresa, tem compromissos e obrigações e a existência de protestos não significa nada de anormal. Alguns dos protestos existentes podem ser procedentes, outros não. De acordo com a resolução das pendências, através de pagamento ou questionamento da legalidade do título que originou o protesto, os protestos são cancelados pelo clube".

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FLUMINENSE

O Fluminense, por sua vez, tem apenas dois protestos: um de R$ 7 ml de uma distribuidora e outro de valor bastante elevado: R$ 1,475 milhão pela compra do lateral Maranhão - hoje emprestado à Ponte Preta - junto aos baianos do Ypiranga, segundo disse o clube nordestino à reportagem.

O Flu também foi procurado, mas não quis se manifestar.

Fonte: ESPN.com.br