Um dia após se tornar o primeiro jogador nascido neste milênio a fazer gol no Campeonato Brasileiro - foram dois sobre o Atlético-MG, em Belo Horizonte, no último domingo -, Paulinho desembarcou no Rio de Janeiro como a grande atração do Vasco. Tirou fotos com fãs, deu entrevistas para a imprensa, reencontrou a família e foi para casa. De folga até quarta-feira, passou a tarde... treinando.
O episódio reflete bem o tipo de jogador que é Paulinho. Aos 17 anos recém-completados, o menino se espelha em Cristiano Ronaldo. E um dos reflexos desta influência está justamente no cuidado com o corpo. Para um adolescente, o atacante do Vasco tem porte físico mais avantajado - mede 1,74m e pesa 75 kg -, fruto de um trabalho antigo de alimentação e suplementação e de dedicação diária – tudo com aval do clube.
Mesmo com todo o suporte do Vasco – Paulinho estuda no colégio do clube e fez parte dos projetos para a base, como o Promove e o Caprres -, o atacante sempre procurou complemento fora do clube. Trabalha com um preparador físico pessoal – o irmão Romário, de 18 anos, também passou a ajudá-lo neste processo e pretende fazer faculdade de Educação Física para trabalhar no meio.
- Trabalho muito no clube para poder colocar minha forma física em dia e ajudar meus companheiros no campo, para fazer bons campeonatos, como venho fazendo, e ajudar o Vasco. Também me destaco dos outros, todo mundo fala, me chamam de gato, mas na verdade é muito trabalho para poder estar bem e aguentar o rojão lá nas categorias do time - afirmou Paulinho.
O cuidado com Paulinho se estende do Vasco à família, e não é apenas físico, mas também emocional. Agora que o menino virou o novo xodó da base com os dois gols marcados sobre o Atético-MG, a preocupação é lidar de forma adequada com os holofotes.
- Ele é muito tranquilo, ouve bastante a gente. E nós vamos cuidando. Um jogador de futebol para uma família em prol dele. O pensamento é de que ele siga normal, fazendo seu trabalho no profissional. E com bastante paciência, sem correr. Tudo tem que ser dentro do seu tempo – ponderou Paulo Henrique, o pai do menino, que também tentou a carreira de jogador, mas parou nos juniores do Olaria.
Europeus de olho
Peça frequente das seleções de base desde o sub-15, Paulinho é monitorado constantemente pelos principais clubes da Europa, que possuem olheiros no Brasil. Ao Vasco, porém, não chegou notícia de qualquer interesse mais profundo – nem proposta.
- A gente ouve as pessoas falarem. A gente sabe que acontece, é normal alguns clubes monitorarem, ficarem de olho num atleta que está despontando. Deixamos com o empresário dele (Carlos Leite) e o Vasco para cuidarem direitinho. Sabemos que primeiro o clube tem que ser procurado para resolver qualquer tipo de negociação - completou Paulo Henrique.
A comparação de Paulinho é com Vinicius Junior, vendido pelo Flamengo ao Real Madrid por 45 milhões de euros. O curioso é que o nome do atacante vascaíno não é tão conhecido no exterior quanto o do rubro-negro.
- (Os clubes) conhecem, mas não tem o mesmo impacto (do Vinícius). É um nome muito mais local. Mas não há dúvida de que tem talento – afirmou o observador brasileiro de um grande clube europeu.
Curiosamente, o porte físico de Paulinho é algo analisado com calma pelos olheiros. Como sempre levou vantagem neste quesito, o jogador levantava a dúvida de como se portaria uma vez que enfrentasse atletas do mesmo nível que ele. A julgar pelos primeiros jogos, isso não será um problema, o que pode aumentar ainda mais a cotação do atacante no mercado.
Vasco trata promessa com tranquilidade
No início do ano, logo após se destacar na conquista do Sul-Americano Sub-17, Paulinho renovou seu contrato com o Vasco até janeiro de 2020. Este foi o prazo máximo que o clube pôde colocar, pois atletas de até 17 anos só podem assinar vínculos até por três anos. Por isso, não está nos planos atuais da diretoria buscar um novo compromisso, pois aumentaria por pouco tempo o acordo. A palavra de ordem é cautela.
- Estamos fazendo tudo com tranquilidade. O menino já treina há meses no profissional. Foi na delegação algumas vezes, depois entrou num jogo, e aí, veio de titular. Tudo é um processo. E por isso está dando certo. Temos que levar tudo com cuidado – disse Eurico Brandão, vice-presidente de futebol do Vasco.
Fonte: GloboEsporte.com