Criado na Vila da Penha, na Zona Norte do Rio, o adolescente Paulo Henrique Sampaio Filho joga futebol desde pequeno. Até aí, parece a mesma história da maioria dos garotos de 17 anos nascidos no Brasil. Desde a infância, contudo, Paulinho já notava algo diferente. A família procurava evitar que ele brincasse de bola na rua com os meninos na rua. Não podia correr o risco de se machucar. As diferenças ficaram ainda mais evidentes neste fim de semana, quando Paulinho fez algo que nenhum menino nascido em 2000 conseguiu até agora: marcar um gol numa partida do Campeonato Brasileiro profissional.

Ao balançar a rede duas vezes em pleno Independência, estádio do Atlético-MG, e comandar a vitória do Vasco fora de casa dias depois de completar 17 anos — havia estreado no início do mês entre os profissionais, aos 16 —, Paulinho dá a justa impressão de ser um jovem precoce. A verdade, no entanto, é que ele respira a responsabilidade do futebol desde 2010. Foi quando chegou ao Vasco, com 10 anos, ainda criança.

A formação pessoal está umbilicalmente ligada ao esporte no caso de Paulinho, que estuda no Colégio Vasco da Gama, mantido pelo clube para atender jovens das divisões de base de vários esportes. Em São Januário, local onde passava as horas de recreio, Paulinho assinou seu primeiro contrato profissional aos 16 anos. A brincadeira ficou séria de vez em junho, quando foi chamado pelo técnico Milton Mendes para treinar entre os profissionais. Estreou menos de um mês depois. Com mais duas semanas, saiu o primeiro gol.

Em meio à ascensão meteórica, Paulinho não deixa de mostrar apego pela família. Nas redes sociais, o jovem costuma publicar fotos com seu irmão, Romário, o pai, Paulo Henrique, e a mãe, Ana Christina. Em uma delas, num domingo qualquer de abril, os quatro jantavam em um shopping no Rio.

O programa familiar não pôde ser repetido no fim de semana, mas por uma boa causa: o estudante Paulinho estava ocupado ensinando ao Vasco o caminho da vitória no Horto do Atlético-MG.

— Sendo sincero, eu esperava ter um bom desempenho. Trabalho muito para aproveitar as chances que aparecem. Mas não esperava ter essa atuação toda — avaliou o jovem atacante do Vasco após a partida.

COMPANHIA DE VINÍCIUS JR.

Nas divisões de base do Vasco e da seleção brasileira, Paulinho já é nome conhecido há alguns anos. No Sul-Americano sub-17 deste ano, no Chile, ele foi titular na campanha arrasadora do Brasil, que sagrou-se bicampeão.

Foi aquela seleção que lançou holofotes sobre outro prodígio: Vinícius Jr., do Flamengo, também de 17 anos, que saiu do torneio como artilheiro e melhor jogador. Os dois talentos da Geração Z do futebol nasceram no mesmo ano, no mesmo estado, com apenas três dias de diferença: Vinícius, de 12 de julho, é ligeiramente mais velho que Paulinho, que comemorou aniversário no último dia 15.

A ligação permanece no momento em que os dois começam a se firmar no futebol profissional. No sábado, Vinícius Jr. voltou ao Flamengo após três jogos sem ser relacionado e sofreu o pênalti que deu a vitória sobre o Coritiba. No domingo, foi a vez de Paulinho brilhar ainda mais.

Além dos gols marcados contra o Atlético-MG, Paulinho já tinha dado uma assistência em outro triunfo do Vasco fora de casa, sobre o Vitória. Em três partidas como profissional, o atacante do Vasco vai mostrando que tem estrela própria.

— O pessoal do clube já tinha me avisado que se eu fizesse gol seria o mais jovem. Fico feliz e muito emocionado por isso. O Milton (Mendes) vinha me acompanhando. Fui pegando confiança nos treinos. Agora é continuar trabalhando para ter mais oportunidades como titular e ajudar o Vasco a fazer uma bela campanha — celebrou.



Fonte: O Globo Online