- Eles não se entendem.
A frase, sucinta, é de um funcionário do Vasco ao ser perguntado sobre a relação entre Nenê e Milton Mendes. A estrela da companhia e o treinador têm opiniões diversas, apesar das demonstrações públicas de simpatia. Mas este não é o único motivo por trás da decisão do meio-campista de deixar São Januário. Vasco e o jogador não se entendem há tempos.
A atual tentativa de sair, aliás, não é novidade. A conversa na manhã de terça-feira com a diretoria, em que pediu para não viajar para enfrentar o São Paulo, não foi muito diferente de outras anteriores. Em junho de 2016, em janeiro de 2017 e em maio de 2017, Nenê pediu para deixar o Vasco.
Na primeira vez, o clube não o liberou – ele vinha em boa fase e era ídolo inquestionável da torcida. Nas outras duas, a diretoria mostrou-se disposta a um acordo, mas Nenê não apresentou propostas concretas nem quis rescindir o contrato. Por isso, a reticência com o novo pedido para sair.
Apelido de Mickey
O relacionamento, naturalmente, se desgastou. Nos bastidores de São Januário, Nenê é apontado como um jogador que quer ser o centro das atenções. Se é contrariado, se aborrece e cogita sair. Por isso, ganhou dos companheiros o apelido de Mickey.
Com Milton Mendes, a relação se desgastou rápido. No início, o jogador discordava da intensidade dos treinos - opinião compartilhada por Luis Fabiano. Quando surgiram as primeiras notícias sobre isso, o meia postou uma foto ao lado do treinador - o detalhe é que era uma foto antiga, e não tirada naquele dia.
Nenê não gostou de ser barrado no início do Campeonato Brasileiro. Assim como não gostou de ser substituído contra o Santos e deixou o campo com cara de poucos amigos (assista ao vídeo abaixo). O episódio contribuiu para o pedido de saída.
O treinador, porém, tem carta branca da diretoria para promover mudanças - como aconteceu com Rodrigo, que, em entrevista, disse que Nenê seria o próximo a sair. Há tempos havia o entendimento de que o time já não rendia o mesmo com o camisa 10, devido à pouca participação defensiva.
- Ele sabe que fazemos trabalho de preparação para ele. Estamos à procura de situação que ele renda. Normal que esteja insatisfeito por estar na reserva. Pior seria o contrário. Gosto que ele esteja insatisfeito. Nenê só não está jogando porque teve uma queda de forma. Nunca o deixamos de lado – disse Milton Mendes há cerca de um mês.
Nos dados físicos, o meia aparece sempre como um dos que mais percorrem distâncias nos jogos. Por outro lado, é questionado pela eficiência. Quando voltou ao time, Nenê passou a atuar na ponta esquerda, uma função que exige muito mais na recomposição defensiva – e expõe muito mais o jogador que não cumprir a função.
Jogador não se sente prestigiado
Nenê foi o grande nome do Vasco desde que chegou ao clube, em agosto de 2015. Ao todo, são 108 jogos e 38 gols. No começo de 2016, assediado por outras equipes, renovou com o Cruz-Maltino até o fim de 2018. Foi peça-chave na conquista do Campeonato Carioca invicto de 2016, mas, na reta final da Série B, caiu de rendimento.
Ainda assim, o jogador sempre gozou de prestígio com a torcida. Internamente, porém, não sente que seja valorizado da mesma maneira. Há cerca de um mês, o clube rejeitou proposta de um clube da Série A da Itália, que queria o empréstimo do meia, mas com o Vasco pagando 60% do salário – que pode chegar a R$ 400 mil se o atleta cumprir metas.
- Ele sempre priorizou o Vasco. Agora, a partir do momento que o Vasco não o prioriza, é melhor encontrar um caminho bom para ambas as partes – disse o empresário.
Vasco e Nenê devem se reunir na quinta-feira, quando a delegação retornar de São Paulo. A diretoria aguarda propostas concretas para definir pela saída. Até agora, Gilvan diz que há interesse de clubes da Europa e do Oriente Médio.
Fonte: GloboEsporte.com