Delegado promete esclarecer morte de torcedor no entorno de São Januário
Terça-feira, 18/07/2017 - 12:54
A morte de um torcedor vascaíno após as confusões registradas no estádio e no entorno de São Januário ainda está sendo investigada, mas não ficará sem resposta, segundo o chefe da Divisão de Homicídios Rivaldo Barbosa. No dia em que o clube foi julgado e punido pelas confusões registradas em São Januário na derrota por 1 a 0 para o Flamengo, quando um torcedor foi morto no entorno, o delegado garantiu que a Polícia Civil vai esclarecer o caso, mas lamentou que mais um caso envolvendo o esporte tenha chegado à esfera policial e pediu colaboração dos clubes para que haja avanço (assista ao vídeo).

- O que a gente viu naquele sábado, como a gente diz no jargão policial, foi um passeio pelo código penal, foram praticados vários crimes, desde lesão corporal, resistência à polícia, culminando na morte, mais uma vez, de um torcedor. Garanto para vocês, estou empenhando minha palavra, acabei de falar com a delegada responsável (Marcela Ortiz) que vamos esclarecer a morte do torcedor vascaíno. Lamentavelmente, é a terceira morte de 2012 para cá (...) O que nos causa perplexidade é que mais uma vez a Delegacia de Homicídios é chamada para uma área do esporte, e esporte é vida, não violência - disse, segunda-feira, em participação no "Bem, Amigos!".

Davi Rocha, de 27 anos, morreu atingido por um tiro no entorno do estádio, para onde se estenderam as confusões também registradas do lado de dentro ao final da partida, quando ocorreram brigas entre torcedores e confrontos com policiais. Imagens feitas por câmeras de segurança mostram um policial armado nas proximidades, mas não se sabe de onde partiu o tiro que atingiu o torcedor, o que está sendo investigado. Nesta segunda, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) puniu o clube com a perda de seis mandos de campo e multa de R$ 75 mil pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

- Nesse caso, vamos esclarecer o caso no que diz respeito ao homicídio. A Delegacia de Homicídio trata exclusivamente da morte, mas tenho certeza que a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro vai dar uma resposta necessária e eficiente a tudo que aconteceu no Vasco da Gama - completou.

Barbosa lembrou de outros casos recentes, como a de um torcedor do Botafogo morto após ser perfurado com um espeto no entorno do Estádio Nilton Santos, em fevereiro, após brigas com torcedores do Flamengo, e pediu o fim da relação dos clubes com torcidas organizadas.

- A parceria que a gente quer dos clubes é o comprometimento da direção do clube em não apoiar a torcida organizada violenta. Como um dirigente de um clube pode tratar com pessoas que não promovem o esporte? (...) Acho que a gente tem que deixar bem claro uma coisa é o clube de futebol seja ele qual for, outra coisa totalmente diferente como água e óleo são essas pessoas que tentam se utilizar dos clubes - considerou.

Segundo o delegado, casos anteriores revelaram relações de pessoas ligadas aos clubes com membros de organizadas, o que considerou preocupante.

- Em monitoramentos anteriores, a gente percebeu uma promiscuidade muito grande de algumas pessoas envolvidas no futebol, inclusive teve um jogador que pegamos o carro com uma das pessoas que estavam sendo investigadas. Então, no monitoramento que a gente fez, a gente encontrou pessoas ligadas ao tráfico de drogas, à contravenção penal, à milícia, ou seja, todos foram devidamente presos e estão sendo processados. Nesse caso (de São Januário), vamos esclarecer no que diz respeito ao homicídio - insistiu.

Embora tenha lamentado o cenário e admitido a necessidade de mudanças, Barbora garantiu empenho e disse que existe um trabalho para impedir que pessoas envolvidas com esse tipo de crime estejam nas arquibancadas. No entanto, ele acredita que é preciso avançar e mais uma vez destacou a importância dos clubes nesse processo.

- O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro está coma nova metodologia, e a Polícia Civil está participando: todas essas pessoas que são pegas e processadas, na hora do jogo do time delas elas comparecem ou na Cidade da Polícia ou na Delegacia de Homicídios para receber palestras sobre crime organizado, sobre ações da polícia. É elogiável a conduta do Tribunal da Justiça do Estado do Rio de Janeiro, é uma forma paliativa, importante, mas a gente precisa efetivamente de uma legislação que proíba definitivamente qualquer tipo de relação entre dirigente de clube e torcida organizada, ou que se faça dentro de uma regulamentação exigida e às claras.



Fonte: Sportv.com