Juiz manda polícia apurar responsabilidades por incidentes em São Januário
Sábado, 15/07/2017 - 23:17
O juiz Mario Olinto Filho, que estava de plantão no estádio de São Januário durante o jogo entre Vasco e Flamengo pelo Campeonato Brasileiro, no sábado (8), determinou que a 17ª DP (São Cristóvão) abrisse inquérito para apurar as responsabilidades pelos atos de violência e vandalismo envolvendo torcedores do Vasco após o término da partida. Na ocasião, o vascaíno David Rocha Lopes, de 27 anos, morreu ao ser baleado fora do estádio.

Entre os fatos que a delegacia já começou a apurar está se o presidente do Vasco, Eurico Miranda, pode ser responsabilizado pelo que aconteceu.

A segurança dos torcedores dentro do estádio, de acordo com o artigo 14 do Estatuto do Torcedor, é de responsabilidade do clube mandante (o Vasco, no caso) e não da Polícia Militar, como chegou a ser dito pelos dirigentes vascaínos após a confusão.

Após a publicação desta reportagem, a Polícia Civil informou que o delegado titular da 17ª DP (São Cristóvão), Marcelo Ambrósio, instaurou inquérito policial, no início da semana, para apurar o incidente ocorrido no estádio de São Januário.

Em nota, informou que diversas pessoas foram intimadas para prestar declarações, entre elas o presidente e funcionários do clube, além de PMs que atuaram no estádio. Também foram solicitadas imagens dos conflitos ao SporTV e ao Vasco.

A Polícia Civil informou ainda que não havia recebido da Justiça qualquer requisição para instauração de investigação e que isso é "desnecessário, tendo em vista que a 17ª Delegacia de Polícia está atenta aos fatos ocorridos em sua circunscrição".

A assessoria do Vasco da Gama informou por telefone que o jogo "só aconteceu porque o clube cumpriu as exigências dos órgãos públicos e, por isso, teve aprovada a realização do evento". Disse também que "o clube prestará as informações à medida que for comunicado judicialmente".

Além da esfera policial, o Vasco será julgado na segunda-feira (17) pela Justiça Desportiva, onde correm o risco de perder mandos de campo e levar multa. O Ministério Público também tenta a interdição de São Januário.

Tumulto originou um relatório

Diante das tentativas de invasão do campo e dos inúmeros objetos atirados pelos torcedores, o juiz Mario Olinto Filho elaborou uma ata relatando tudo o que aconteceu naquele sábado no interior do estádio.

No documento ao qual o G1 teve acesso (veja na imagem acima) há a informação de que os torcedores tentaram invadir a delegacia instalada em São Januário.

O grupo ainda conseguiu quebrar o vidro do Juizado do Torcedor próximo a defensora Karla Leães Merter, que não se feriu.

O magistrado ainda chamou de "irresponsável" a realização de um jogo "de grandes proporções neste estádio". Fato que considera "evitável". Mario Olinto Filho ainda determinou, ainda no sábado, que uma perícia fosse feita no local.

"Se é sabido que a situação política do clube é instável, fora irresponsável a insistência de realização de um jogo de grandes proporções neste estádio, diante da notória possibilidade de ocorrência de situação de confronto de enorme proporção", escreveu o magistrado no documento.

Delegado, promotor e juiz precisaram deixar São Januário sob escolta após o fim do plantão que foi encerrado às 23h50. Quase quatro horas após o fim do jogo.

Apurada a ligação entre torcedores e dirigentes

O G1 apurou que os investigadores querem saber se há alguma ligação entre clube e os torcedores violentos. Um dos pontos de partida foi a detenção do torcedor Rodrigo Granja Coutinho dos Santos, de 41 anos, detido em 21 de junho no interior do estádio Nilton Santos, minutos antes do jogo entre Botafogo e Vasco pelo Campeonato Brasileiro.

Segundo o promotor Cláudio Varella, Rodrigo Granja está proibido pelo Juizado do Torcedor de frequentar estádios de futebol por se envolver em confrontos com outros torcedores.

"Na ocasião, ele só foi liberado porque advogados do Vasco comunicaram que ele era funcionário do clube", disse o promotor Cláudio Varella.

A assessoria de imprensa do Vasco informou que vai verificar essa informação. Até a publicação desta reportagem, não havia resposta para o questionamento.



Fonte: G1