Brasileiro na Série A e B já teve 9 brigas em estádios; São Januário lidera com 3 episódios
Quarta-feira, 12/07/2017 - 13:32
Em apenas 12 rodadas, os Brasileiros das Séries A e B já têm nove casos de conflitos em estádio, sendo o mais grave o ocorrido em São Januário. Normalmente, os episódios começam a se acumular do meio para final do Nacional. Há um aumento da violência dentro e nas redondezas das arenas nos últimos anos, na avaliação do especialista em violência no futebol Maurício Murad.
Em relação às mortes ligadas ao futebol, já foram 9 no ano confirmadas em 2017, perto ou longe do estádio. As duas últimas neste final de semana, no Rio de Janeiro e em Recife. Mantém-se a média de anos anteriores com leve alta. Em 2016, foram 13 confirmadas, e quatro em investigação. O levantamento é de Murad, professor da Universidade Salgado de Oliveira, com base em dados policiais.
Mas o que mais chama a atenção são os episódios violentos nos estádios e suas redondezas. ''Na última década, a violência estava fora do estádio. Parece que há uma tendência de retorno nos estádios e adjacências. Autoridades da força de segurança, dos clubes e da CBF têm que estar atentas'', contou Murad. Por lei, clubes mandantes e a confederação são responsáveis pela segurança dos torcedores dentro das arenas.
Interditado pelo STJD preventivamente, São Januário foi de fato o sítio mais problemático com três ocorrências. Foram brigas e tumultos nas partidas do Vasco diante do Avaí, do Corinthians e do Flamengo. O último caso foi mais grave com arremessos de bombas e conflito generalizado que afetou até jogadores e jornalistas.
Outro local problemático foi o Beira-Rio com dois conflitos. Após o empate com o Criciúma, no final de semana, torcedores entraram em confronto com policiais, saquearam e depredaram o estádio. Antes disso, os colorados tinham protagonizado outra briga após a derrota para o Boa Esporte.
A procuradoria do STJD informou que já está pronta a denúncia contra o Inter no artigo 213, por tumulto, embora ainda não protocolada na secretaria. A pena máxima é de perda de 10 mandos de campo.
Outros dois confrontos graves foram no Serra Dourada na partida entre Goiás x Vila Nova em que torcedores das duas torcidas se digladiaram nas arquibancadas. Longe do estádio, um morreu em conflito. Próximo do Couto Pereira, organizadas do Coritiba e do Corinthians também brigaram, com o saldo de um corintiano ferido apanhando no chão.
Ainda no último final de semana, houve mais um embate entre membros de uniformizadas do Atlético-MG e do Botafogo, nas redondezas do Engenhão. Na Série B, houve ainda um conflito dentro da torcida do Paysandu, entre organizadas, por conta de homofobia de uma delas, na partida diante do Luverdense.
Maurício Murad lembra que, no início do Nacional, o número de casos costuma ser menor pois o campeonato costuma esquentar a partir de setembro. De fato, um levantamento do blog em brigas mostra que a maioria ocorreu no segundo semestre em 2013. O aumento dos conflitos dentro dos estádios tem efeito na média de público com mais impacto até do que os homicídios longe deles.
''Considerado o grau de homicídios no país, os números do futebol são terríveis, mas até baixos pelo que se verifica'', contou ele, que vê o número de mortes abaixo do que período de 2010 a 2013. ''Mas a violência dentro do estádio é bem mais impactante do que o que ocorre a 10 quilômetros e afeta o espetáculo.''
Uma pesquisa feita por ele aponta que 70% das pessoas indica a violência como principal motivo para não ir aos estádios. O total de pesquisados foi de 2.200 pessoas.
Até agora, não há nenhuma medida concreta ou plano da CBF para lidar com a violência dentro dos estádio, que aumenta na gestão do presidente Marco Polo Del Nero. Ele está na confederação há cinco anos e se limita a dar entrevistas com sugestões genéricas. A maioria dos relatórios de delegados da entidade sobre jogos minimiza ou ignora conflitos. Dirigentes de clubes são resistentes a implantar um controle eficiente de acesso nos estádio, o que dificultaria a entrada de vândalos.
Fonte: Blog do Rodrigo Mattos - UOL