Confira bastidores do duelo entre Vasco e Botafogo por Andrés Ríos e Leo Valencia
Às 23h de domingo, Andrés Rios jantava com a família na Argentina para se despedir e celebrar o acerto com o Botafogo. Às 8h10 de segunda-feira pegaria o voo da Gol de número 7658 com destino ao Rio de Janeiro. No entanto, os planos mudaram na madrugada. Por volta das 3h, já com a proposta do Vasco recebida e aceita, o atacante enviou uma série de mensagens ao empresário Nicolas Puppo, que até então tratava de sua transferência para General Severiano.
- Vou entender se você quiser brigar comigo, me bater. Mas não pude deixar passar essa chance. Peço desculpa de todas as maneiras possíveis. Não sei mais o que dizer. Não encontro palavras, nunca passei por essa situação, mas o Martín me trouxe uma oferta, e preciso pensar na minha família.
O empresário Martín Guastadisegno foi quem tratou tudo com o Vasco e levou a Andrés Rios a proposta cruz-maltina. E ela era superior à do Botafogo em US$ 150 mil (cerca de R$ 490 mil), incluindo salários, luvas e comissões no período de um ano. Puppo, entretanto, conversava com o Botafogo tendo em mãos uma procuração assinada pelo jogador.
Em outro voo, Rios chegou ao Rio de Janeiro na segunda-feira para fazer exames e foi anunciado pelo Vasco. Enquanto isso, o outro grupo de empresários garantiu ao Botafogo o ressarcimento das passagens compradas.
O caso Leo Valencia
A ida de Rios para o Vasco foi outro episódio numa disputa do Cruz-Maltino com o Botafogo no mercado. Tudo começou com Leo Valencia, meia chileno que está acertado com o Alvinegro. O jogador vinha sendo oferecido à diretoria vascaína desde o início do ano. No início, não despertou interesse, mas, com o clamor da torcida, os dirigentes mudaram de ideia e fizeram proposta.
Valencia foi oferecido ao Vasco por pelo menos quatro pessoas diferentes, dizendo representar dois agentes: Fernando Felicevich e Edison Pereira. A diretoria gostou dos termos apresentados por Felicevich e fez proposta.
- Tanto eu quanto a diretoria do Vasco agimos de maneira correta mas, infelizmente, no futebol existem pessoas como Fernando Felicevich, que não cumpre sua palavra e trabalha de forma desonesta. Ele disse que a proposta estava ok e que não teria nenhum tipo de problema, que o jogador se apresentaria ao Vasco depois da Copa das Confederações, mas não cumpriu sua palavra. Pior. Pegou a proposta e enviou ao empresário André Cury para fazer leilão com o Botafogo - afirmou Marcos Leite, que intermediou as conversas entre Vasco e Felicevich.
Neste momento, entra outro personagem da história. André Cury é o representante de Felicevich no Brasil. E o Vasco não chegou a acordo com ele. Na sequência, Cury começou a negociar com o Botafogo e fechou o negócio.
Quando as primeiras notícias sobre o acerto com Alvinegro foram divulgadas, representantes do Vasco entraram em contato com Felicevich, que colocou Valencia no telefone e negou o acordo. No fim, o Cruz-Maltino ainda foi procurado para cobrir a oferta do rival - cerca do dobro em salários -, mas recusou.
- O Vasco se recusa a pagar 75% do valor do primeiro ano em forma de comissionamento, pois acha que isso é um roubo. O Vasco se recusa a comprar direito econômico de agente. Isso não é permitido pela Fifa - afirmou Eurico Brandão, vice-presidente de futebol do Vasco.
Para Cury, o problema foi o Vasco não tratar desde o início com ele, mas direto com Felicevich, colocando outros intermediários - ele citou Marcos Leite e José Renato.
- Eu e Felicevich temos uma parceria de anos. É um amigo pessoal. Ele (Euriquinho) escolheu o caminho dele. Foram avisados 30 vezes. O Vasco faltou ao respeito comigo. Tenho o direito de levar o jogador com quem trabalho para onde eu quiser. No momento, acho o Botafogo melhor que o Vasco em todos os sentidos.
Balão?
A relação dos dois negócios não é à toa. O Botafogo teve problemas parecidos para fechar com Rios. Segundo Martín Guastadisegno, agente do atacante e também de Cristaldo, outro alvo do Glorioso, o presidente alvinegro, Carlos Eduardo Pereira, se recusou a negociar com ele. Por outro lado, o empresário fez elogios à postura do Vasco.
- Eu tentei ligar para o presidente do Botafogo, e ele disse que não queria negociar comigo. Se não fala comigo, não faz negócio. A culpa é do presidente do Botafogo. Eu queria agradecer ao Vasco, que se comportou bem, ligou para mim diretamente e fechou o negócio em dois dias - disse Guastadisegno.
Rios havia sido oferecido ao Vasco há cerca de dois meses, mas só nos últimos dias o negócio esquentou. E a ida de Valencia para o Botafogo teve sua parcela para que tudo avançasse. A postura alvinegra incomodou os cruz-maltinos.
- É bom para eles verem que pau que dá em Chico dá em Francisco - disse uma pessoa ligada à diretoria cruz-maltina.
O presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira, se negou a comentar o episódio com Rios.
- Não vou comentar uma contratação do Vasco.
Fonte: GloboEsporte.com