Major da PM não condena São Januário, cita clima político e acredita em falha no processo de revista
A Polícia Militar falou na manhã desta segunda-feira sobre os acontecimentos ocorridos no clássico Vasco x Flamengo, no último sábado, em São Januário. O Major Ivan Blaz, Coordenador de Comunicação da PM, atendeu a imprensa e criticou o Cruz-Maltino pela revista feita na entrada do estádio.
A corporação não descarta que as bombas que explodiram durante a confusão já estivessem no local antes mesmo do jogo. Ele também ressalta que não há confirmação até o momento de que o tiro que matou Davi Rocha Lopes, de 27 anos, partiu da polícia.
- O estádio de São Januário é tradicional e é alvo de constantes conflitos entre torcidas vascaínas. Isso tem se destacado ao longo do Brasileiro. Essa é uma real possibilidade que estamos observando, dada à incerteza política do clube Vasco da Gama hoje. A possibilidade dos artefatos explosivos terem entrado dentro do estádio antes do início da partida é real - disseo Major.
Para ele, houve falha do Vasco na hora da revista feita nos torcedores que entraram no estádio. A responsabilidade seria do clube.
- Estamos falando de um evento privado. Portanto, há a necessidade de termos funcionários civis, dos clubes e dos órgãos envolvidos apoiando diretamente na segurança e na revista. Cabe à Polícia Militar a supervisão e suporte nesses casos. Quanto a isso, não há dúvidas. É uma prática comum. Sem dúvida nenhuma, a responsabilidade é do clube - prosseguiu o Major.
Assim que o árbitro apitou o fim do clássico, vencido por 1 a 0 pelo Flamengo, a confusão tomou conta das arquibancadas de São Januário. Muitos objetos foram arremessados na direção dos jogadores rubro-negros, que demoraram a conseguir entrar no vestiário. Houve brigas, bombas e disparos de bala de borracha da PM, para conter os tumultos.
A confusão continuou do lado de fora de São Januário. Um torcedor, Davi Rocha Lopes, morreu, e outros três ficaram feridos. O torcedor foi vítima de disparo. A Delegacia de Homicídios da Polícia Civil investiga a morte.
- O armamento letal é empregado, única e exclusivamente, quando há sério risco de vida para o agente ou para terceiros. Por conta disso, a apuração ainda corre e não estamos afirmando que os policiais foram os autores dos disparos. Mas, acima de tudo: o conflito que se deu fora do estádio foi um conflito de grandes proporções, exclusivamente entre torcedores do Vasco - disse o Major.
Presença de membros de organizada como seguranças
Tudo ainda é muito preliminar. Os eventos lamentáveis que observamos no sábado precisam ser apurados e essas questões serão, sim, esmiuçadas em seus detalhes. Vale lembrar que, São Januário, como eu já disse, tem sido palco constante de brigasentre torcidas organizadas do Vasco. E isso é fruto, sim, de uma instabilidade política dentro do clube.
Se formos estudar essa possibilidade, lidamos diretamente com algo que pode, sim, influenciar no resultado final do jogo e ter o seu impacto, uma vez que observamos torcedores do Vasco, antes do término do jogo, já agredindo outros grupos na arquibancada. Isso mostra uma mobilização e articulação das torcidas organizadas.
Tropa de Choque
Esse conflito se deu logo após o início da baderna dentro do estádio em que foi necessário o emprego de armamento não-letal para poder impedir que a torcida do Vasco avançasse em cima da torcida do Flamengo, que se comportou perfeitamente bem e teve sua saída contralada pelo batalhão de choque.
Mas, com a grande evasão dos torcedores após o início dos tumultos, nós tivemos conflitos fora do estádio em que homens do 4º Batalhão ainda estavam no entorno fazendo o policiamente. Esse momento foi muito delicado e esse é o alvo da investigação neste momento.
Policial disparando contra os torcedores
Ali no engenhão tivemos homens do Gepe, policiais especializados na atuação dos disturbios civis, atuando contra criminosos que estavam promovendo atos de barbárie. Ali a gente observa o emprego de armamento não letal, utilizado para dissuadir a multidão que estava descontrolada.
O armamento pode causar danos sérios?
Sim, ele pode causar ferimentos sérios, mas é importante frisar que ele, mesmo com toda gamaticidade, ele ainda é menos impactante que o próprio bastão ou uma arma de fogo.
Tempo de investigação
Não podemos precisar isso, uma vez que é necessário o resultado da perícia. Depende das questões técnicas envolvidas no processo.
São Januário
Entendemos que não há nada contra o estádio de São Januário. O que houve ali foi uma falha de processo e não algo que condene um estádio tradicional. O que temos ali é uma reiterada ação criminosa de torcedores do Vasco.
Ação no Engenhão
Tivemos conflito desde o início da partida, isso já mostrou que a torcida do Atlético-MG, que havia sido escoltada para dentro do estádio, havia saído visando o conflito com torcedores do Botafogo, que se direcionaram para os setores de acesso dos torcedores do Atlético-MG. Em resumo, ambas as partes buscaram o conflito. Diferente do sábado, em que a entrada foi ordeira, e os momentos preliminares da partida foram totalmente tranquilos. A partir do momento em que o Vasco estava pior no jogo, tivemos o início das brigas entre torcidas (do Vasco).
Fonte: GloboEsporte.com