Líderes das séries A e B do Campeonato Brasileiro respectivamente, Corinthians e Juventude são donos de defesas sólidas, fator que os ajuda a se manterem no topo das tabelas de classificação. E isso pode até levar um torcedor mais desavisado a achar que um ou outro é o dono da defesa menos vazada do Brasil na atualidade. Ou até mesmo Cruzeiro, São Paulo ou Flamengo, que também têm bons números na elite. Mas não.

O líder nesse quesito não está na Série A. Nem na B. É o Botafogo-PB, na Série C do Brasileiro, o dono da defesa menos vazada entre os 60 clubes das três principais divisões do futebol brasileiro. Um clube que, curiosamente, nem lidera o seu grupo (na 3ª divisão, as equipes são divididas em dois grupos de 10 cada), ainda que esteja dentro da zona de classificação.

Na Série A, o Corinthians ainda está invicto e lidera a competição muito por conta da defesa consistente, que sofreu apenas cinco gols em sete jogos até aqui. O Timão só sofreu mais gols que o Coritiba, dono da zaga menos vazada na elite, com apenas quatro gols sofridos. Já na Série B, a solidez da defesa ajuda mais ainda o Juventude. Em sete partidas, o time gaúcho sofreu apenas três gols e lidera a competição.

Mas o Belo - como é conhecido o time de João Pessoa - está melhor quando o assunto é frustrar os atacantes adversários. O Alvinegro da capital paraibana sofreu apenas um gol em cinco jogos disputados na Série C até o momento. Jogou menos partidas que os times das séries A e B, é bem verdade, mas tem uma média de apenas 0,2 gols sofridos por jogo, enquanto que a média do Juventude é de 0,42, a do Coritiba é de 0,57 e a Corinthians é de 0,71.

E, quando se usa a média de gols sofridos por partida, os números do Botafogo-PB ganham ainda mais destaque, já que o time pessoense se torna o melhor em média mesmo incluindo todos os times da Série D. Ou seja, o Belo é dono da melhor média de gols sofridos entre os 128 times das quatro divisões do futebol brasileiro.

Assim como o time botafoguense na Série C, outras três equipes sofreram apenas um gol na Série D: Luziânia, Portuguesa-RJ e Operário. Mas esse trio disputou apenas quatro jogos, o que lhes confere uma média de 0,25 gols sofridos por partida, número um pouco pior que o do Belo.

Um dos quatro compontentes da linha defensiva do Botafogo-PB, o lateral-esquerdo Alyson revela que parte do sucesso da defesa alvinegra é a conversa, tanto dentro quanto fora de campo. Na opinião dele, o diálogo tem surtido efeito positivo durante os jogos da Série C.

- A linha de quatro ali está bem, trabalhando forte. Tomamos um gol no campeonato, mas a linha está bem firme. A gente conversa muito entre nós e consegue sempre entrar em acordo sobre a linha de passe, a fechada - comentou o lateral.

O único gol sofrido pelo Botafogo-PB na Série C rendeu ao time a única derrota na competição até aqui: 1 a 0 para o Fortaleza, pela segunda rodada. Apesar do bom número da defesa, o ataque botafoguense não tem ido bem - marcou apenas três gols -, e, com isso, o time ocupa a terceira colocação do Grupo A, com dois pontos e cinco gols marcados a menos que o líder CSA, que, por outro lado, sofreu quatro gols.

Mas Alyson revela ainda outro fator que contribui para o Botafogo-PB estar tão sólido na defesa. Segundo o lateral, as orientações do técnico Itamar Schülle têm sido sempre no sentido de manter a consistência lá atrás. Inclusive, a postura defensiva tem rendido ao treinador o pejorativo adjetivo de "retranqueiro".

- Ele estuda muito, é um treinador muito inteligente e nos dá muitos conselhos sobre a linha de quatro. Ele dá bronca também, mas o que ele fala é para o nosso bem e está dando resultado - finalizou Alyson.

Se as boas atuações da defesa do Botafogo-PB - que ainda tem Michel Alves no gol (aquele mesmo com passagens por Vasco e Inter), Plínio e Bruno Maia na zaga e Lito na lateral direita - vão levar o time ao acesso, isso só vai ser respondido com o decorrer das partidas da Série C. Mas, se é verdade que "a melhor defesa é o ataque", o Belo parece estar querendo inverter isso e se valer da boa fase de seus defensores para, em 2018, figurar na Série B do Brasileirão.



Fonte: GloboEsporte.com