A vitória do Vasco por 2 a 1 sobre o Bahia, domingo, em São Januário, pode ser um divisor de águas para o Vasco na temporada. Principalmente porque a torcida entendeu que o time, com suas limitações técnicas, precisa dela para fazer do seu estádio o principal trunfo no Brasileiro. Contra os baianos, os 19 mil presentes testemunharam outro marco: a ida de Nenê para o banco. O rendimento da equipe e o resultado fortaleceram ainda mais o técnico Milton Mendes, que já tinha carta branca da diretoria para mudanças.
Não era simples barrar Nenê, apesar de ele não estar rendendo o que os cruz-maltinos se acostumaram a ver nas temporadas anteriores. Era a referência técnica, dono das bolas paradas e tinha completado 100 partidas pelo clube na rodada anterior. Com a ida para o banco, não houve homenagem diante da torcida pela marca alcançada.
Com a entrada de Kelvin, a configuração do time mudou. Mateus Vital, agora camisa 10, passou a atuar centralizado fazendo a função que era de Nenê. Kelvin atuou pela esquerda, e Pikachu pela direita (no segundo tempo inverteram). E foi o jovem Mateus quem deu mais mobilidade e conseguiu criar boas chances. Ao contrário do veterano, o jovem fugiu mais da marcação e deu o que Milton mais desejava: velocidade. Nas hora das bolas paradas, no entanto, Nenê fez falta.
Apesar da assistência para o gol de Luis Fabiano, Kelvin teve atuação discreta. Correu muito, sofreu faltas, mas pecou muito nas finalizações e na hora dos cruzamentos. Ele tem, no entanto, a justificativa de que estava sem ritmo. A estratégia adotada contra o Bahia é que deve nortear a armação da equipe daqui para frente.
- Achei o time mais veloz. Não quero dizer que estamos abdicando do Nenê. Ele não está atravessando o melhor momento dele. Acho que é unânime. O Mateus sai no um contra um, e é isso que eu queria. Conseguimos. Todos estão de parabéns, inclusive o Nenê, que teve uma conduta exemplar. Todos têm o meu respeito - afirmou o treinador.
Paulão tem boa estreia e empolga a torcida
Outra novidade no time foi a estreia de Paulão, que formou a dupla de zaga com Rafael Marques. Foi uma atuação segura, sem enfeitar, como ele próprio havia prometido na apresentação ao se entitular "zagueiro-zagueiro". A cada carrinho, desarme e até chutão para a lateral a torcida cruz-maltina o aplaudiu. Apesar de ser o primeiro jogo, teve tempo até para bronca no lateral-direito Gilberto, que tentou dois chapéus no mesmo lance e perdeu a bola. Surge uma promessa de líder para a defesa.
Logo no primeiro minuto do segundo tempo, Rafael Marques teve um problema muscular e precisou sair, o que forçou a estreia de mais um zagueiro, Breno. A falta de ritmo ficou clara, e por duas vezes ele foi antecipado pelos homens de frente do Bahia na bola aérea. Na próxima rodada, no clássico com o Fluminense, eles vão formar dupla e terão um grande teste.
- Estávamos precisando de um "xerife" (Paulão), um "macho", entre aspas. Lá em Portugal dizem que futebol é um desporto para homens de barba rija. Estávamos precisando de um homem desse. O Breno entrou bem, mas ainda faltou ritmo, tempo de bola. Paulão e Breno têm maturidade, só precisam se conhecer mais. Vamos fazer um churrasco para eles (risos) - disse Milton Mendes.
Injeção de ânimo para o Fabuloso
Luis Fabiano não fazia gol desde a final da Taça Rio, contra o Botafogo. De lá para cá, foram dias difíceis para o atacante, por motivos diversos. Entre eles as dores no tendão patelar, que complicaram deu dia a dia, e a saída do amigo Rodrigo do clube. O Fabuloso andava desanimado e cabisbaixo, e a boa atuação contra o Bahia teve importância especial para ele.
Além do gol da vitória e da assistência para Pikachu marcar, o camisa 9 mostrou mais mobilidade e participou mais ativamente da partida. Ele também foi ajudado diretamente pela presença de jogadores mais velozes.
- O Luis é um capitão que assume a responsabilidade. Participou muito mais, fez diagonais, deu passe, fez gol... Isso nos dá um alento muito grande. Está chegando em um momento bom dele. Isso é bom para todos - disse Milton Mendes.
Jean se complica na nova estratégia de saída de bola
Para tentar deixar os meias e volantes mais livres, Milton Mendes adotou uma nova estratégia para quando o Vasco tinha a bola e tentava sair da defesa. Colocou Jean na linha dos zagueiros, centralizado, com Paulão na esquerda e Rafael Marques na direita. O volante mostrou a raça de sempre e conseguiu bons desarmes, mas se enrolou com a bola nos pés mais uma vez. Em um dos vacilos, perdeu a bola e fez falta quando era o último homem. Correu risco de expulsão, mas o árbitro optou pelo cartão amarelo.
Com um problema físico, Jean foi substituído no segundo tempo por Bruno Cosendey, mais um dos recém-promovidos da equipe sub-20. O jovem não teve muito tempo, mas mostrou um estilo mais discreto na marcação e boa qualidade no passe. Depois de Nenê, Jean corre o risco de ser o próximo a perder espaço, principalmente quando Bruno Paulista puder atuar, a partir da nona rodada.
O elenco do Vasco se reapresenta na manhã desta segunda-feira e inicia a preparação para o clássico com o Fluminense, sábado, às 19h, em São Januário.
Fonte: GloboEsporte.com