O tempo passou voando e neste sábado faz dez anos que Romário marcou seu milésimo gol na carreira. Quem viveu aquela noite de gala em São Januário e os meses que antecederam a cobrança de pênalti do camisa 11 sobre o Sport, em jogo pelo Campeonato Brasileiro, guardou saudade daquele período em que o feito individual do Baixinho se transformou quase em título para aquele time.
- Abraçamos a causa de coração. Todos tentavam ajudar. Quem não queria fazer parte daquele momento - lembra Thiago Maciel, que cruzou a bola cortada com a mão por Durval.
Segundo ele, havia no vestiário uma disputa, em tom de brincadeira, entre os jogadores, sobre quem daria o passe para o gol histórico. Acabou que ninguém conseguiu o feito, mas foi o ex-lateral-direito, hoje taxista, quem chegou mais perto.
Maciel não é o único a reivindicar sua parcela de ajuda no gol histórico. Está lá nos vídeos, para quem quiser ver: Abedi foi quem iniciou a jogada pela direita e tocou em profundidade para o lateral. Dez anos depois, com bom humor, ele pede seu reconhecimento.
- Rapaz, 80% da jogada foi minha, carreguei a bola da defesa até o ataque. O Thiago só deu um toque na bola. Aquela época foi boa demais, os olhos do mundo estavam sobre nós - recorda o jogador do Angra dos Reis.
Quem conviveu com Romário naqueles meses que antecederam o gol lembra de uma ansiedade contida do Baixinho. Foi um período em que ele ficou mais próximo dos companheiros de time, já no fim de carreira, mesmo sendo um ícone do futebol mundial cercado de jogadores de menor expressão.
Até mesmo quem não tinha muita chance de ajudar o Baixinho viveu aquela febre. Cássio, por exemplo, era o goleiro daquele time. Na partida contra o Sport, foi reserva de Silvio Luiz. Deu o azar de ser sorteado para o exame antidoping e por isso quase perdeu a festa.
- Fiquei louco, quase perdi a farra toda dentro do vestiário e também quase fiquei fora da foto do time. Depois, os amigos do Romário fecharam uma discoteca e todos nós fomos - revelou, para garantir em seguida: - Mas foi em família, com a diretoria, o grupo de trabalho.
Foi o último brilho na carreira de Romário e o maior de muitos jogadores que faziam parte daquele time. Melancolicamente, foi também uma das últimas noites histórias de São Januário. Depois daquele pênalti que Magrão não conseguiu defender, salvo o título da Copa do Brasil de 2011, o estádio viveu mais tristezas do que alegrias.
Mil e dois gols que se transformam em 762 oficiais
Na contagem de Romário, consagrada dez anos atrás, vale quase tudo. O atacante listou jogos amistosos e partidas nas categorias de base. O critério é de cada um, mas a título de comparação com os grandes artilheiros do futebol mundial na atualidade, vale a soma das partidas oficiais como profissional. Nesse caso, o número cai para 762 gols.
O número ainda é alto. Para se ter uma ideia, Cristiano Ronaldo soma 597 gols na carreira, aos 32 anos. Messi, 564, aos 29.
Fonte: Extra Online