Bernardo surgiu como mais uma das inúmeras promessas do futebol brasileiro. Logo, as boas atuações dentro de campo foram dando lugar a notícias polêmicas da rotina fora dele. Sem clube desde o fim do último Campeonato Paulista, o meia conversou com o GloboEsporte.com em Sorocaba, interior de São Paulo, sua cidade-natal.
Prestes a completar 27 anos de idade, Bernardo admite que os erros do passado atrapalharam o desenvolvimento da sua carreira. Mais maduro, ele rejeita a fama de "bad boy", diz estar arrependido e a espera de uma oportunidade para voltar ao futebol. A entrevista completa você confere no vídeo acima.
Bernardo fez toda a categoria de base no Cruzeiro, quando subiu ao profissional em 2009 sendo campeão mineiro e vice da Libertadores. Passou por Santos e Palmeiras sem grande destaque, ao contrário da passagem pelo Vasco, onde foi campeão carioca, da Copa do Brasil e vice-brasileiro.
Foi no Rio de Janeiro que Bernardo admite ter perdido a cabeça em alguns momentos da carreira. Envolvido em várias polêmicas, o futebol ficou em segundo plano e os problemas começaram a surgir na cabeça do jovem garoto.
– Você sai do interior de São Paulo e chega em uma grande cidade como é o Rio de Janeiro, badalada, com gente famosa e você jogando em um grande clube, começa a fazer gols, a ser ídolo e com as coisas fáceis a gente acaba aceitando. É da vida, fico um pouco chateado porque se tivesse usado a cabeça com inteligência as coisas teriam sido diferentes. A gente é novo, quer aproveitar algumas coisas, mas passei do limite. Estou novo e na idade de não errar mais, agora é começar a levantar 'meu pipa' e começar a voar de novo – analisa o jogador.
Bernardo frequentemente é visto em comunidades carentes, onde tem amigos. Diante de episódios polêmicos, quando teria sido supostamente torturado por um traficante ou quando teve o carro roubado e pegou carona em um caminhão de coleta de lixo para voltar para casa, o jogador prefere ressaltar o lado social das visitas as favelas cariocas.
– Não fui criado em morro ou favela. Vejo um lado de preconceito, até no caso do Adriano e de outros jogadores, que cresceram em um lugar que tem bandido e cresceram para o mundo da bola e não podem mais ir para o lugar onde cresceram. Ele tem que visitar, tem que ir sim. No meu caso, os lugares onde sempre frequentei, eu ia para dar um carinho. As crianças sentem falta disso, de ter uma estrela, um jogador ou até alguém da música para dar carinho. Elas precisam ver essas coisas, não o que veem todos os dias, bala voando do lado e aquelas coisas ruins. Existe o preconceito – disse.
O rótulo criado de jogador problema é algo que Bernardo quer deixar no passado. A fama de bad boy, as baladas e os casos extracampo não fazem mais parte da versão paz e amor do meia.
– Eu sou um cara legal, de coração aberto que adora sempre estar com pessoas boas, minha família, meus amigos, meus filhos que não moram comigo. Sou esse cara, às vezes a gente acaba cometendo alguns erros, mas passou e agora é pensar em jogar futebol e dar alegrias para quem me ama. Bad boy é para quem luta, eu sou da paz. Tem um lado explosivo nosso dentro de campo, mas tirando isso sou da paz, sou do amor – revela.
A perda do foco como jogador profissional atrapalhou Bernardo na sequência da carreira. Depois de jogar por Cruzeiro, Santos, Palmeiras e Vasco, o jogador nos últimos anos defendeu Ceará, Coritiba, Ulsan da Coréia e Botafogo-SP. O meia lamenta as oportunidades despediçadas.
– Vou ser sincero, tem dois anos praticamente que eu não tenho uma sequência. Claro que algumas coisas acabaram acontecendo por falta de cabeça minha, eu assumo, e outras por questão de oportunidade. Quando eu estava em alto rendimento físico, tinha que esperar e isso acaba quebrando o ritmo. Se eu tivesse tido sequência nesses clubes eu tenho certeza que estaria voando em alto nível – avalia.
Após passar pelo Coritiba na temporada passada e amargar a reserva do Botafogo-SP no Paulistão deste ano, Bernardo aguarda por uma proposta para retornar ao futebol. Consciente do momento que vive na carreira, o meia admite que precisaria estar "voando" para ter uma nova chance em um grande clube do futebol brasileiro.
– Algumas coisas aconteceram por erro, sou um grande atleta, profissional e já mostrei isso no Brasil. É uma questão de oportunidade, alguém acreditar no meu trabalho, que eu quero dar o meu melhor, fazer por mim, meu filhos e as pessoas que me criaram e me amam. É questão de oportunidade mesmo. Propostas não surgiram, mas tem algumas coisas encaminhadas. Não quero dar um tiro errado, tenho certeza que vou em um lugar para jogar, estou treinando e fazendo meu papel de profissional.
Ficha técnica:
Nome: Bernardo Vieira de Souza
Nascimento: 20/05/1990
Posição: Meia (destro)
Clubes: Cruzeiro, Goiás, Vasco, Santos, Palmeiras, Ceará, Ulsan-COR, Coritiba e Botafogo-SP
Títulos: campeão mineiro (2009) pelo Cruzeiro; carioca (2015) e Copa do Brasil (2011) pelo Vasco.
Fonte: GloboEsporte.com