Uma das apostas do Vasco para reforçar o sistema defensivo, Breno terá a oportunidade de um novo recomeço na carreira, até aqui encurtada por muitas lesões e problemas fora de campo. Aos 27 anos, ele tem apenas 88 partidas oficiais por seus clubes e três gols marcados. Pouco para um jogador que surgiu como um fenômeno no São Paulo campeão brasileiro de 2007, foi vendido para o poderoso Bayern de Munique por cerca de R$ 31 milhões e disputou as Olimpíadas de 2008 pela seleção brasileira. O defensor chega ao Rio de Janeiro como uma grande incógnita, mas também com esperança da torcida cruz-maltina de que poderá retomar o sucesso do início de sua trajetória.
Ascensão meteórica, lesões, enxerto de cadáver, bebida, incêndio e prisão
Com apenas 17 anos, Breno foi campeão brasileiro pelo São Paulo e eleito a revelação da competição. Uma ascensão metórica que o levou rapidamente para a Alemanha, mas ele enfrentou problemas de adaptação e foi emprestado ao Nuremberg em 2009 para ganhar experiência. Teve um bom início, mas começou a sofrer com lesões. Na cirurgia, feita nos Estados Unidos, ele recebeu no joelho um enxerto de cadáver, que acabou sendo retirado em 2016.
De volta ao Bayern em 2010, o zagueiro teve novamente problemas físicos que afetaram também seu psicológico. Aí entrou a bebida alcoólica em excesso, que contribuiu para seu maior drama. No fim de 2011, após de uma noite de bebedeira, ele ateou fogo na própria casa. Foi condenado a três anos e nove meses de prisão.
- Saí para a Alemanha muito jovem, com outra cultura e um idioma muito difícil. Achei que jogaria, mas não foi assim. E nunca fui titular fixo. No Nuremberg tive uma sequência de jogos, mas sofri uma lesão e fiquei 10 meses parado. Depois que voltei, tive de operar novamente o joelho. Fui ficando triste e, no dia do acidente, recebi a notícia que iria operar pela terceira vez. Eu bebi, fiquei inconsciente e acabou acontecendo. Falaram em problema de esposa, mas não existiu. Foi um acidente e um erro meu - disse no dia se sua apresentação ao São Paulo.
Liberdade, retorno ao São Paulo e mais lesões
No dia 20 de dezembro de 2012, quando ainda estava preso na Alemanha, Breno fechou acordo com o São Paulo, que passou a pagar uma ajuda de custo a ele e seus familiares. Dois anos depois, após conquistar a liberdade, o zagueiro assinou contrato de atleta profissional, com direito a aumento salarial e estabilidade de dois anos de vínculo. Iniciou as atividades em janeiro de 2015, quando o Tricolor era treinado por Muricy Ramalho.
O planejamento era a longo prazo. Breno deveria se readequar à rotina de um atleta de futebol, começando com treinamentos leves e aumentando a intensidade. Dez dias depois iniciar os treinos, ele sofreu um estiramento na coxa esquerda e ficou um mês parado. Muricy saiu, Juan Carlos Osorio assumiu e ficou encantado com o jogador. Ex-zagueiro, o colombiano viu no atleta qualidades suficientes para que ele pudesse atuar como primeiro volante. Chegou a relacioná-lo para alguns jogos em julho de 2015. Mas o primeiro teste veio justamente num clássico com Corinthians, no Morumbi, no dia 9 de agosto, pelo Brasileiro. Na sequência, ele disputou mais três jogos, tempo em que a equipe ficou sem sofrer gols (Figueirense, Grêmio e Goiás).
Veio, então, uma nova lesão na coxa esquerda. Mais um mês em tratamento. Na sequência, um problema no tornozelo esquerdo o deixou mais alguns dias de molho no Reffis. Osorio foi embora após se desentender com a diretoria, e Doriva assumiu o Tricolor. Breno voltou a ser zagueiro, mas não conseguiu terminar o ano como titular. Mesmo assim ganhou uma renovação de contrato até dezembro de 2017.
O ano de 2016 foi um ano para esquecer. Breno disputou a primeira partida da temporada, contra o Cerro Porteño, no Paraguai, e depois atuou em mais um jogo apenas. Saiu por causa de uma tendinite no joelho. O São Paulo optou pelo tratamento convencional, mas a evolução não foi a esperada. Com isso, ele teve que se submeter a uma cirurgia em maio.
- Ele está com o ligamento cruzado íntegro, mas tem uma insuficiência no enxerto colocado no joelho. Isso gera uma instabilidade que causa outros problemas. Partir para a cirurgia antes de tentar a reabilitação é ruim. Tentamos reabilitar e deixá-lo em condições, mas chegou a um ponto em que não se pode mais esperar – explicou o médico tricolor José Sanchez, na ocasião.
Breno não voltaria a atuar mais em 2016. Enquanto o elenco saiu de férias, ele seguiu rígida programação de tratamento e treinamento no Reffis do CT da Barra Funda. Totalmente recuperado, integrou a delegação que viajou para os Estados Unidos para a disputa do Torneio da Flórida. Disputou a partida contra o River Plate. Quando começaram os jogos para valer, Ceni deu preferência a Maicon e Rodrigo Caio, e Breno só atuou quando uma equipe alternativa era mandada a campo. No total, foram cinco jogos na temporada e nenhum gol marcado.
Breno estava impaciente. Queria uma sequência de jogos que no São Paulo não iria encontrar. Agora no Vasco poderá conseguir.
Fonte: GloboEsporte.com