A goleada de 4 a 0 sofrida para o Palmeiras na estreia no Campeonato Brasileiro é um reflexo do momento turbulento que o Vasco atravessa. Em um cenário de jogadores em atrito com o técnico Milton Mendes, reforços contratados no início da temporada que ainda não vingaram e salários atrasados de funcionários, o rendimento decepcionante da equipe em São Paulo é a cereja do bolo de um começo de campanha preocupante, que deixa o clube em sinal de alerta após retornar à Série A.
Resistência a Milton Mendes
Embora neguem publicamente e até já tenham sido irônicos ao tratar do assunto, alguns jogadores estão descontentes com a metodologia do técnico Milton Mendes. A carga de trabalho e o trato em certos episódios têm causado certa resistência ao treinador. Em algumas ocasiões, atletas alegaram estar com dores musculares e o comandante ignorou o quadro, o que causou irritação.
Capitão da equipe, Luís Fabiano já chegou a discutir com Milton em um treinamento em São Januário durante uma instrução tática. O atacante, vale lembrar, cogitou deixar o clube após saber que seu amigo Rodrigo teria o contrato rescindido. Gerente de futebol, Anderson Barros conseguiu demovê-lo da ideia.
Mendes teve 22 dias para treinar o time antes da estreia, mas mesmo tendo sido goleado, viu pontos positivos:
Reforços ainda não vingaram
O Vasco contratou oito jogadores até o momento na temporada e nenhum é uma unanimidade. O lateral direito Gilberto e o volante Jean são os mais utilizados, mas ainda dividem opiniões. Principal reforço, Luís Fabiano disputou nove jogos e fez apenas um gol.
Escudero, que ganhou o peso de ser o "presente de Natal", Wagner, Muriqui, Kelvin e Manga Escobar são reservas e não se destacaram. Escudero e Wagner ainda fizeram um gol, mas os demais ainda não balançaram a rede.
Nesta semana o clube trouxe mais três reforços: os zagueiros Breno e Paulão, que não estavam sendo aproveitados por São Paulo e Internacional, e o volante Bruno Paulista, ex-Sporting, de Portugal.
Salários atrasados
O momento conturbado vai além das quatro linhas. Grande parte dos funcionários do clube está com pouco mais de um mês de salário atrasado. A pendência se refere a abril e só não atinge os que possuem vencimentos mais baixos. Os relatos são de que, em março, já havia ocorrido "uma boa atrasada". O dos jogadores está em dia.
Suposta agressão
No último sábado, o clube resolveu abrir o treinamento para o público em São Januário buscando apoio para a estreia no Campeonato Brasileiro, mas um incidente levantou polêmica nas redes sociais: torcedores acusam seguranças do clube de terem agredido um rapaz na arquibancada após o mesmo criticar e xingar o vice de futebol Eurico Brandão, o Euriquinho, filho do presidente Eurico Miranda.
A reportagem procurou os torcedores envolvidos, mas eles preferiram não dar entrevistas por temerem represálias e chegaram a apagar os posts em que faziam as acusações. Em nota, o Vasco levanta a suspeita de que a ação do torcedor tenha sido motivada por ordem política e ressaltou que irá apurar se houve exageros por parte dos profissionais. Veja na íntegra abaixo:
"Neste sábado, antes da estreia do time de futebol do Vasco no Campeonato Brasileiro, o treinamento do elenco foi aberto ao torcedor. A intenção foi estabelecer um clima de harmonia entre o torcedor e os jogadores do clube.
Ocorre que, ao final do treinamento, no momento em que o Vice-presidente de futebol estava no gramado com o seu filho, dois ou três elementos, com copos de cerveja na mão e visivelmente transtornados, passaram a ofender o dirigente. Em função também da presença da criança, e a fim de evitar confusão, o Vice-presidente se retirou para o vestiário.
Não se sabe qual a real motivação daqueles que ofenderam. Não se sabe se estavam a serviço de alguém, mas é uma possibilidade. Porém, inegavelmente, tentaram romper a conexão que se desejava, inclusive insultando um pai junto ao seu filho, o que precede o cargo que ocupa.
O que houve depois foi a reação de alguns torcedores que discordaram da ação dos citados elementos. A segurança do Vasco agiu para apartar a confusão. Será apurado se houve algum exagero praticado por funcionário do clube, o que não pode ocorrer.
Por outro lado, é fato que a vitimização daqueles que causaram o problema também não é aceitável. A ação, agressiva e aparentemente de ordem política, é repudiada pelo Vasco e pelos vascaínos.
Diretoria do CR Vasco da Gama"
Fonte: UOL